Americano vai a julgamento por duplo homicídio que envolveu babá brasileira
Do UOL, em São Paulo
20/09/2024 17h33Atualizada em 20/09/2024 17h55
O ex-policial norte-americano Brendan Banfield, 39, foi acusado na terça-feira (17) e irá a julgamento pelo homicídio qualificado da sua esposa, a enfermeira Christine Banfield, 37, e Joseph Ryan, 38, ocorrido em fevereiro de 2023, na Virgínia, nos Estados Unidos.
O que aconteceu
Os promotores acusam Brendan de ter um caso amoroso com brasileira Juliana Peres Magalhães, de 24 anos, que trabalhava na casa da família como au pair. Christine foi achada com marcas de facas em sua residência em um bairro nobre e foi socorrida a um hospital, mas não resistiu e morreu. Ao lado do corpo estava Joseph, com marcas de tiros. As autoridades apontam que a segunda vítima teria sido atraída para a residência do casal através de um site de fetiche sexual.
Brendan também foi acusado de uso de arma de fogo pela morte de Joseph. Promotores acusaram o homem de conspirar para matar os dois na residência onde vivia com a esposa. As informações são do The New York Times.
O julgamento de Brendan foi marcado para 3 de fevereiro de 2025, conforme a Fox News. A data foi marcada na quinta-feira (19). Apesar disso, a advogada Kush Arora, que não atende o caso, explicou que a data pode ser alterada posteriormente em caso de novas descobertas e informações adicionadas ao processo.
O ex-policial foi preso apenas na segunda-feira (16), informou a CBS News. No mesmo dia, a polícia realizou um mandado de busca e apreensão na residência do homem. Em abril, Brendan se recusou a responder às perguntas dos promotores sobre os eventos que levaram aos assassinatos.
Se condenado, o ex-policial poderá pegar a prisão perpétua, sem direito à liberdade condicional, informou o jornal norte-americano The New York Times. Procurado pelo jornal, o advogado de defesa não quis comentar o caso.
Brasileira está detida até hoje
Em outubro de 2023, a brasileira foi presa e acusada de homicídio em segundo grau pela morte a tiros de Joseph. O julgamento de Juliana ocorrerá em novembro — ainda sem data exata — e, se condenada, ela poderá pegar mais de 40 anos de prisão. Também contatado, o advogado dela não quis comentar o caso.
Todavia, no tribunal, ontem, a defesa da babá defendeu a retirada de provas do processo. Eles argumentaram que ela foi "apreendida ilegalmente" no dia dos assassinatos e levada para o departamento de polícia sem consentimento. As declarações, no entanto, foram rebatidos pelos promotores, que afirmaram que Juliana foi levada pelas autoridades voluntariamente.
Entenda o caso
Juliana acionou a polícia na manhã de 24 de fevereiro de 2023. Na residência, a polícia encontrou Christine com marcas de faca na parte superior do corpo e Joseph com marcas de tiros e já morto no local. A brasileira, Brendan e a filha de 4 anos do casal estavam no local, mas não tinham ferimentos.
Na manhã dos assassinatos, a babá saiu com a menina para um passeio e retornou após esquecer os lanches que levariam para o espaço. Segundo os advogados dela, em uma audiência em abril, a jovem viu um carro do lado de fora e ligou para a chefe dela, que não respondeu. Então, ela acionou o empregador e, quando ele chegou, entraram juntos na casa. A brasileira contou que foi para o porão com a criança, mas após ouvir gritos, ela entrou na residência.
No pedido de socorro, Brendan disse que usou a sua arma de serviço para deter Joseph, que estaria atacando Christine com uma faca. Posteriormente, a brasileira relatou que o empregador pediu para que ela pegasse a segunda arma, localizada em um cofre no banheiro, e passou a senha do cofre. Após fazer isso, Juliana atirou contra o homem "em legítima defesa" para proteger a família. Os defensores da babá citaram que ela agiu sob ordens de seu empregador.
Joseph foi atingido duas vezes, na cabeça e no peito. O disparo no peito, feito com a arma usada por Juliana, foi responsável pela morte da vítima, segundo o legista.
A brasileira e o norte-americano disseram à polícia que Joseph teria atacado Christine e eles tentaram defendê-la. Porém, a polícia não encontrou nenhum sinal de arrombamento na residência. Para a promotoria, Joseph foi convidado para a casa para um encontro sexual. Os agentes encontraram uma faca e duas armas no local.
Joseph trocou mensagens em um perfil que apresentava a foto de Christine em um site de pessoas interessadas em fetiches sexuais. Ainda não é claro quem criou o perfil de Christine na plataforma. Pessoas que conheciam a mulher chegaram a falar que as mensagens discutindo o encontro não pareciam com a forma que ela escrevia. Conforme a promotoria, Joseph teria combinado de ir à residência do casal para conversar sobre planos de "sexo violento".
Promotoria fala que brasileira e ex-policial tinham relacionamento amoroso
A brasileira começou a trabalhar na casa de Brendan e Christine em 2021. Conforme as autoridades, o relacionamento da babá e do ex-policial teria começado meses antes dos disparos.
Em outubro de 2023, os policiais voltaram à residência do casal e viram que Juliana havia se mudado para o quarto principal do seu empregador. O local é o mesmo onde Christine havia sido esfaqueada meses antes. No cômodo, havia um porta-retrato da brasileira com a cabeça encostada no ombro do chefe, as roupas dela estavam no armário e havia uma lingerie espalhada na cama.
Os advogados de defesa da mulher chegaram a falar que ela era "namorada" de Brendan, mas sugeriram que o relacionamento do ex-policial e a enfermeira não era monogâmico. Não há confirmação se a declaração dos defensores da brasileira procedem.
Promotores também relataram que a babá e o ex-policial praticaram tiro em um campo dois meses antes do assassinato e que depois o homem comprou uma pistola, que foi usada por Juliana para disparar contra Joseph. A promotoria também apontou que as ligações de Brendan e Juliana para o socorro tiveram um longo intervalo, sendo que, em uma delas, a brasileira chegou a falar que um amigo havia se ferido, antes que o ex-policial pegasse o telefone e dissesse que ele havia atirado no agressor de sua esposa.
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.
(Com informações da NBC Washington e ABC News)