Ministro do Líbano na ONU: Israel deveria parar de usar a 'língua de fogo'
Do UOL, em São Paulo
26/09/2024 21h17
O ministro das Relações Exteriores do Líbano, Abdalla Bou Habib, acusou Israel de radicalizar cada vez mais em seu conflito contra o grupo extremista Hezbollah.
O que aconteceu
Declaração foi feita pelo representante do Líbano durante discurso na ONU (Organização das Nações Unidas). "Estamos pedindo decisões internacionais para que garanta o fim dessa situação. Hoje, desesperadamente, precisamos que as Nações Unidas assumam o seu papel como refúgio seguro para os países menores que sofrem agressões. Não vimos o diálogo e, no lugar, vimos apenas as armas. Nós queremos que as Nações Unidas sejam um parceiro seguro para que resolva tudo. É possível conseguir uma solução pacífica", disse Bou Habib.
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Nós reiteramos a nossa repulsa por essa agressão contínua de Israel. Essa tentativa de ficar brincando com fogo, que jogaria todo Oriente Médio em uma conflagração. Nós rejeitamos a guerra. Nós temos o direito legítimo de defender a nossa alma, de acordo com a carta das Nações Unidas e da legislação internacional. Isso vai junto com o nosso incansável esforço de evitar cair nas armadilhas de Israel, prolongando a guerra. A volta das pessoas deslocadas de Israel e de assentamentos não pode acontecer através da guerra, através de luta e deslocamentos de pessoas no Líbano. O único caminho para a volta deles para casa seria um cessar-fogo amplo e completo imediato. Abdalla Bou Habib, em discurso feito na ONU
Na sequência, Bou Habib condenou a onda de violência em território libanês. "Essa violência excedeu tudo. Houve mais de 30 mil violações às leis desde 2006. Será que Israel não teve guerras demais desde 1948? Não estaria na hora de dar uma chance real para a paz? Abraçar o caminho da paz? Quando é que isso vai acontecer? Ao invés de usar a língua do fogo e do ferro."
Ministro citou pelo menos oito vezes a Resolução 1701, do Conselho de Segurança das Nações Unidas. A ideia original da proposta pretendia resolver a Guerra do Líbano de 2006. O ministro libanês fez apelo à comunidade internacional para que essa resolução seja aprovada, o que implicaria num cessar-fogo na região.
Ataque de Israel contra Hezbollah
O Ministério da Saúde do Líbano informou que pelo menos 558 pessoas morreram e outras 1.835 ficaram feridas nos bombardeios ocorridos nesta semana. Entre os mortos estão 50 crianças, 94 mulheres e dois médicos, diz o comunicado do órgão.
Israel diz que atingiu 300 alvos em todo o Líbano. Horas antes, autoridades israelenses divulgaram um pronunciamento e mandaram mensagens de texto para moradores de Beirute e regiões vizinhas alertando que eles deixassem suas casas.
Casas destruídas e escolas fechadas. O ataque israelense causou danos na infraestrutura civil. Aulas foram suspensas por dois dias nas áreas atingidas e há relatos de casas atingidas por mísseis em várias cidades.
O Hezbollah afirmou que o líder sênior Ali Karak, chefe da frente sul, está bem e foi transferido para um local seguro. Uma fonte de segurança disse à Reuters que ele foi alvo de um ataque israelense nos subúrbios do sul do Líbano.
O grupo xiita respondeu ataque com mais foguetes. "Os combatentes do Hezbollah bombardearam duas posições militares israelenses, assim como os complexos da indústria militar Rafael, ao norte da cidade de Haifa", indicou o grupo em um comunicado.
É a primeira onda de ataque planejada por Israel, apurou a RFI. Em comunicado à população libanesa, o Exército israelense diz que os ataques "continuarão no futuro próximo" e que serão "maiores e mais precisos". A imprensa libanesa relata que os bombardeios são os piores desde a Segunda Guerra do Líbano, em 2006.