Como um furacão, uma guerra e uma greve podem afetar candidatura de Kamala
Esta é a newsletter TixaNews - Eleições Americanas. Inscreva-se para receber gratuitamente no seu email de segunda a sexta.
Faltam menos de 35 dias para as eleições americanas e a vida segue seu rumo assim: um furacão devastou seis estados, deixando dezenas e dezenas de mortos, a guerra no Oriente Médio só piora a cada dia e portuários começam hoje uma greve do Maine ao Texas, que movimentam metade das importações americanas. Tá fácil a vida da Kamala Harris.
Todas essas notícias envolvem diretamente o governo de plantão. E o governo de plantão chama-se Biden-Harris. Como eles lidam com cada situação influencia diretamente a campanha da Kamala.
A greve, por exemplo
Os estivadores pedem proteção contra automação e salários. Se ela durar alguns dias, ninguém nem vai notar que eles pararam, mas se começa a se estender por mais de uma semana, até os preços dos alimentos podem subir antes das eleições. Isso é bom para quem? Para o Trump, já que a economia ainda é o calcanhar de aquiles de Kamala. Especialmente a inflação.
O furacão
Trump seguiu trazendo a Helene para a política. Mas foi além. Resolveu dar um pulo na Geórgia, um dos estados indecisos e também atingido pelo furacão. Chegou lá com suprimentos e caminhões de água e soltou mentiras, como a de que o governador da Geórgia, o republicano Brian Kemp, não tinha sequer conseguido falar com o presidente Biden. Mas o próprio governador já tinha dito a jornalistas que tinha falado com o Biden no dia anterior.
O economista Paul Krugman observou: "Todos nós nos tornamos insensíveis, mas é incrível como neste ponto a campanha de Trump se baseia inteiramente em denunciar coisas que não estão acontecendo — [uma] economia ruim imaginária, crime descontrolado imaginário e agora uma falha imaginária de Biden e Harris (é a Kamala, darling, não se perca) em responder a desastres naturais."
Se colar, colou
Agora é ver como os eleitores vão entender essa ida de Trump à Georgia, como gente que faz ou como gente que atrapalha. Biden disse que só vai aos locais atingidos quando sua ida não signifique atrapalhar a vida de quem está ajudando com os estragos. Sabe como é, até agente secreto tem que inspecionar os locais que essa galera visita. Foi o caso de Trump, que falou em meio a escombros.
E a guerra?
Bibi Netanyahu, o líder de Israel, segue a guerra como se não houvesse amanhã e agora invadiu o Líbano por terra. Isso após explodir pagers, walkie-talkies e fazer ataques aéreos. Quer acabar com o Hezbollah. Mas no meio do caminho vai deixando, mais uma vez, um rastro de gente inocente morta. Ele já fez isso em Gaza para acabar com o Hamas. E os Estados Unidos nessa? Os Estados Unidos são aliados de Israel e mandam armas. Mas como os americanos se sentem com esse rastro de gente morta? É aqui que pega os eleitores.
Uma reportagem da Newsweek de ontem mostra bem o problemão para a Kamala. Eu já contei aqui nesta carta matinal que tem uma candidata do Partido Verde, Jill Stein, que pode tirar votos de Kamala. Ela está nas cédulas de Wisconsin e Michigan, dois estados campos de batalha. Sim, tem isso na eleição americana, alguns estados tem outros candidatos a presidente que não apenas Kamala e Trump.
E qual a treta da Jill? A guerra, meus queridos. Jill botou as guerras de Israel com o Hamas e o Hezbollah no centro de sua campanha e ela já está tendo pico de apoio entre as comunidades muçulmana e árabe-americana. Eis o que escreveu a Newsweek: "as pesquisas mostram que (o apoio ao partido Verde) pode negar a vitória de Harris em vários estados indecisos — e apresentar um caminho para a Casa Branca para Donald Trump."
A própria Jill diz que os democratas não podem vencer sem o apoio da comunidade muçulmana americana e que essa galera não vai votar na Kamala. Eis o que disse Jill: "a não ser que os democratas decidam que é mais importante para eles vencer a eleição do que conduzir o genocídio."
Newsletter
DE OLHO NO MUNDO
Os principais acontecimentos internacionais e uma curadoria do melhor da imprensa mundial, de segunda a sexta no seu email.
Quero receberTá bom para vocês?
Essa galera não quer apenas cessar fogo, eles querem também que Kamala se comprometa em não enviar mais armas para Israel. E como a eleição americana para Kamala está a la Ney Matogrosso, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come, se ela se compromete a não enviar armas para Israel, os judeus é que podem abandoná-la. Ainda bem que eu só reporto notícias e não faço estratégia nenhuma.
Vai ter debate
E hoje tem debate. Tim Walz e JD Vance vão se enfrentar. Walz é o tiozão amigão, treinador de futebol, candidato a vice de Kamala. JD Vance é o homem dos gatos, aprendiz de Trump (que antes odiava o Trump), candidato a vice de Trump. Homem dos gatos, Tixa? É, darling, ele tem uma fixação por gatos. Ele chamou as mulheres solteiras que não tem filhos de mulheres dos gatos e ainda saiu por aí espalhando a fake de que haitianos comiam gatos. Não sei o que os gatos fizeram para ele.
Deu no New York Times
E para a surpresa de zero pessoas, o New York Times declarou seu apoio à Kamala Harris. Mas é preciso dizer que nos Estados Unidos é super comum que veículos de imprensa apoiem um candidato.
Deixe seu comentário