Helene ultrapassa 200 mortos; conheça os furacões mais fatais dos EUA
Do UOL, em São Paulo
06/10/2024 05h30Atualizada em 06/10/2024 07h53
Na última semana, o furacão Helene se tornou o mais fatal desde o Furacão Katrina, registrando pelo menos 223 mortes. Os Estados Unidos é um dos países mais afetados por furacões no mundo, e possui alguns dos maiores fatais da história em seu próprio histórico. Confira alguns dos furacões mais destrutivos da história americana:
Grande Furacão de Galveston (1900)
Evento durou 19 dias e matou entre 6.000 e 12 mil pessoas. Segundo o Serviço Climático Nacional dos Estados Unidos, é o evento climático mais fatal da história do país e devastou boa parte da cidade de Galveston, no estado do Texas. Sete mil prédios foram destruídos e outros 3.636 tiveram que ser demolidos após o furacão, e 10 mil pessoas ficaram desalojadas.
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Furacão era de categoria 4, e seus ventos atingiram velocidades de até 210 km/h. Segundo o jornal Houston Chronicle, o número elevado de mortes se deu pelas autoridades da época não acreditarem que o evento seria tão intenso quanto foi. Os danos foram estimados em 34 milhões de dólares à época, algo como 1,25 bilhão de dólares atualmente (cerca de R$ 6,8 bilhões).
Furacão do Lago Okeechobee (1928)
Furacão ainda é considerado o maior desastre da história da Flórida. Ele se desenvolveu na costa oeste da África no começo de setembro como uma depressão tropical, mas se fortaleceu e chegou aos Estados Unidos como um furacão de nível 5, a mais alta da escala Saffir-Simpson, com ventos atingindo 260 km/h.
Cerca de 1.200 pessoas morreram nos Estados Unidos. Estudos realizados posteriormente apontaram que 75% das mortes eram de imigrantes, em sua maioria negros, que vieram de outros estados para trabalhar na Flórida. Os danos causados ultrapassaram 25 milhões de dólares em prejuízo (cerca de 2,5 bilhões de reais hoje, com correção inflacionária).
Furacão Katrina (2005)
Furacão é o evento climático mais mortal nos EUA do século 21. O Katrina também é o desastre natural mais custoso na história do país, causando prejuízo de 125 milhões de dólares (R$ 1,1 trilhão hoje, com correção inflacionária). O furacão chegou ao nível 5 da escala Saffir-Simpson e seus ventos atingiram até 280 km/h. Uma área de 280 mil quilômetros quadrados — equivalente a toda área do Reino Unido — entrou em emergência devido ao furacão Katrina.
1.392 pessoas morreram em evento que durou 8 dias. O furacão é considerado o mais mortal desde o Furacão do Lago Okeechobee, e 135 pessoas continuam desaparecidas. A tempestade que acompanhou o Katrina causou grandes alagamentos em várias cidades dos Estados Unidos, como em Nova Orleans, que teve 80% de sua área submersa.
Os furacões de 1893
Dois grandes furacões assolaram os EUA em 1893. O furacão de Chenière Caminada atingiu a Lousiana e o Mississipi, enquanto o furacão das Sea Islands atingiu a Geórgia e a Carolina do Sul. O primeiro tinha ventos que registraram 215 km/h, o que o coloca na categoria 4 da escala Saffir-Simpson. Enquanto isso, o segundo chegou na categoria 3 da mesma escala, com ventos de, no máximo, 195 km/h.
Juntos, esses desastres naturais causaram entre 3.000 e 4.000 mortes e 6 milhões de dólares (R$ 1 trilhão hoje, com correção inflacionária) em prejuízos. O ano de 1893 contou com uma das temporadas de furacões mais intensas nos Estados Unidos: foram registrados dez e duas tempestades tropicais, mas os furacões de furacão de Chenière Caminada e o das Sea Islands foram os mais mortais.
Furacão Helene já matou 223 e é segundo mais mortal nos EUA desde Katrina
Centenas de pessoas estão desaparecidas. As autoridades esperam encontrar sobreviventes quando o sinal de telefonia móvel voltar a funcionar. Entretanto, centenas de milhares de pessoas estão sem energia, segundo o site PowerOutage.us, principalmente nas Carolinas e na Geórgia. A mídia local informa que um número incerto de pessoas estão sem água potável, comida e gás.
Biden e Kamala visitaram áreas afetadas. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden viajou na quarta-feira (2) para a Carolina do Norte e Carolina do Sul, enquanto Kamala Harris visitou a Geórgia a fim de avaliar a devastação causada pelo furacão Helene no sudeste do país. Em Augusta, na Geórgia, a vice-presidente agradeceu a "todo o pessoal realizando esse trabalho extraordinário".
Helene chegou aos EUA na semana passada e já se dissipou. Furacão tocou o solo da Flórida na última quinta-feira (26) como uma tempestade de categoria 4 (em uma escala que vai até 5), e registrou ventos com velocidade de até 220 km/h. Apesar de ter se dissipado no domingo (29), causou danos inestimáveis às comunidades por onde passou.
Presidente culpa mudanças climáticas por furacão Helene. Questionado na segunda-feira (30) sobre o se o aquecimento global há influência no evento, respondeu: "Absolutamente, positivamente, inequivocamente, sim, sim, sim, sim". Biden mobilizou mil soldados americanos para ajudar nas buscas e enviou 6,5 milhões de litros de água potável e 7,1 milhões de refeições aos afetados.
Como a mudança climática amplifica ciclones, segundo pesquisa
Estudo aponta relação clara entre aquecimento global e ciclones. Segundo o pesquisador Michael Mann, condutor do estudo na Universidade da Pensilvânia, as superfícies oceânicas mais quentes liberam mais vapor d'água, o que dá mais energia às tempestades e, consequentemente, intensifica seus ventos. Além disso, uma atmosfera mais quente permite reter mais água e, portanto, as chuvas são mais fortes.
Especialista defende que mudanças climáticas permitiram Helene. "O conteúdo de calor do oceano estava em um nível recorde, o que deu muito combustível e potencial para que uma tempestade como esta ganhasse força e se tornasse muito grande e prejudicial", disse David Zierden, climatologista do estado da Flórida.
"Rápida intensificação" também é culpa de mudanças climáticas para cientistas. A "rápida intensificação", que ocorre quando um furacão acelera 30 nós em um período de 24 horas, também se tornou mais comum. "Se a intensificação ocorrer muito perto da costa antes de tocar o solo, pode ter um efeito enorme, como foi visto na semana passada no caso de Helene", disse à AFP Karthik Balaguru, cientista climático do Laboratório Nacional do Noroeste do Pacífico no Departamento de Energia.
Fenômeno tem explicação dupla. O aquecimento deixa padrões climáticos que reduzem o cisalhamento do vento (mudanças em sua velocidade e direção conforme a altura) ao longo da costa atlântica da América do Norte e da costa do Pacífico na Ásia, o que tende a destruir o núcleo da tempestade. Por outro lado, a mudança climática provoca maior umidade ao longo da costa em comparação ao mar aberto. Já o aumento do nível do mar (cerca de 30 centímetros no século passado) faz com que os ciclones operem a partir de uma base mais elevada, o que amplifica as formações de tempestades, segundo Zierden.