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50 kg a menos e cadáveres no barco: como russo sobreviveu 67 dias à deriva

Colaboração para o UOL*

17/10/2024 05h30

Autoridades russas resgataram um homem encontrado no Mar de Okhotsk após mais de dois meses à deriva. Se alimentando apenas de macarrão seco e ervilhas, homem de 46 anos foi o único a resistir ao acidente. Junto a ele, estavam os corpos de seu irmão e de seu sobrinho, que morreram no período em que a embarcação ficou perdida em alto-mar.

O que aconteceu

Três homens estavam no barco encontrado na última segunda-feira (14). Mikhail Pichugin, 46 anos, seu irmão Sergei, 49, e seu sobrinho Ilia, 15, haviam partido da região de Khabarovsk, na ilha de Sakhalin, no dia 9 de agosto, a bordo de um catamarã Baikat 470. De acordo com familiares ouvidos pela imprensa local, o trio havia partido para observar baleias.

Membros da família passaram 67 dias à deriva em bote inflável. Segundo as autoridades, o contato com o barco foi perdido pouco tempo depois da partida. Mais de dois meses depois, o barco foi encontrado por um pesqueiro a mais de 1.000 km da ilha de origem, no Mar de Okhotsk, no Extremo Oriente russo.

'Não tenho muita força'. Ao ser resgatado, Pichugin vestia um colete salva-vidas. O russo conseguiu pegar uma corda lançada em sua direção e foi transportado pelos pescadores que o encontraram até um hospital em Magadan, onde Pichugin chegou consciente.

Russo sofreu de hipotermia, condição grave em que o corpo tem temperatura central abaixo de 35ºC. Yury Lednev, médico-chefe do hospital regional em Magadan, declarou à agência de notícias russa Ria Novosti que o estado de saúde de Pichugin é "mais ou menos estável".

Homem é resgatado em alto-mar na Rússia após fica 67 dias à deriva Imagem: Reprodução

Caso tem detalhes curiosos --e impressionantes

Pescadores também recuperaram os corpos que estavam no barco. Assim como a embarcação, os corpos de Sergei e Ilia foram entregues às autoridades. Conforme o The Guardian, o canal Baza no Telegram, que teria fontes próximas às autoridades, Pichugin teria informado que seu sobrinho Ilia morreu no início de setembro, cerca de três semanas após se perderem. Sendo assim, o corpo do jovem ficou um mês e meio na embarcação.

Pichugin chegou a salvar o irmão da água congelante. Ainda conforme informações do Baza, Pichugin e Sergei começaram a apresentar escaras (feridas que acometem a pele após longos períodos na mesma posição). Sergei teria tentado se lavar e caiu na água, que é considerada a mais gelada do Leste Asiático. Pichugin conseguiu trazer o irmão de volta para a embarcação, mas Sergei teria morrido logo depois.

Pichugin amarrou os corpos do irmão e do sobrinho. Para evitar que os corpos caíssem no mar, o russo os prendeu junto à estrutura da embarcação. Segundo o jornal britânico The Guardian, Pichugin amarrou os coletes salva-vidas que estavam em seus familiares na lateral do barco, para tentar chamar a atenção de eventuais embarcações que se aproximassem do catamarã onde estava.

Equipes de resgate haviam tentado encontrar o grupo. Ainda conforme o The Guardian, autoridades utilizaram um helicóptero e um avião para procurar o trio dias depois do desaparecimento, com a suspeita de que a embarcação tivesse sido carregada pelas correntes em direção a Kamchatka.

Trio não tinha comida suficiente para o período em que ficou desaparecido. À Ria Novosti, Ekaterina, esposa de Pichugin, classificou como "uma espécie de milagre" a sobrevivência do marido e informou que o grupo havia levado comida e água suficientes para duas semanas. Segundo o Baza, o grupo tinha, inicialmente, 20 litros de água. Com o fim da água potável, o trio coletava água da chuva para consumo. Para se alimentar, havia apenas macarrão seco e ervilhas.

Pichugin pode ter sobrevivido por conta do peso. Segundo Ekaterina, o marido pesava cerca de 100 kgs quando embarcou. Ao ser resgatado, Pichugin pesava exatamente metade deste número. O excesso de peso e o armazenamento de gordura podem ter, de acordo com Ekaterina, auxiliado Pichugin a sobreviver sem se alimentar por mais de dois meses.

Único sobrevivente, Pichugin pode enfrentar investigação e processo judicial. Segundo o The Guardian, a polícia irá estabelecer as circunstâncias em torno do acidente e analisar se houve violação das regras de segurança do tráfego aquático, resultando em mortes. Caso seja comprovado que houve negligência, Pichugin poder ser acusado criminalmente e receber uma pena de prisão até sete anos.

Barco tinha menos de cinco metros de comprimento, segundo o site Vesseltracker, especializado no setor. Mikhail Pichugin dividiu um espaço de 4,7 metros de comprimento e 2,2 metros de largura com os corpos do irmão e do sobrinho até ser encontrado.

*Com informações da AFP.

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