Empresário deixa fortuna de R$ 673 milhões para cão, mordomo e caridade
Colaboração para o UOL, em São Paulo
28/10/2024 09h28
O empresário indiano Ratan Tata, que morreu aos 86 anos no dia 8 de outubro, surpreendeu ao deixar parte considerável de sua herança para funcionários e seu cachorro de estimação.
O que aconteceu
Ratan Tata deixou uma fortuna estimada em R$ 673 milhões. O empresário, que não era casado e não teve filhos, determinou em testamento que seu cão, apelidado de Tito, tenha direito a "gastos ilimitados" para garantir o seu conforto e os cuidados necessários até o fim de sua vida. As informações são do jornal The Times of India.
Tito deverá ficar sob os cuidados de Rajan Shaw, cozinheiro de longa data de Ratan, que também é beneficiário da herança milionária. Ato oficial de deixar um animal de estimação entre os herdeiros é considerado algo raríssimo na Índia, conforme a imprensa local, e por esse motivo chamou a atenção.
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Konar Subbiah, que foi mordomo e confidente do industrial ao longo de três décadas, é outro membro da equipe de Tata listado em testamento. Os irmãos do empresário, que em tese seriam os maiores beneficiários da fortuna deixada por ele, até foram citados, mas terão direito a uma pequena fatia da fortuna construída por Ratan.
Principal beneficiária do empresário, no entanto, é a Ratan Tata Foundation, fundação filantrópica criada por ele em 2022. A organização sem fins lucrtivos, que tem a missão de financiar projetos de caridade, receberá a maior parte da fortuna de Tata, o que inclui participações em empresas do Tata Group, que até então pertenciam ao empresário.
Partilha de bens determinada por Tata é uma demonstração de "gratidão", afirma um amigo próximo do empresário. Ao The Times, o amigo, que não teve a identidade revelada, destacou que "esse testamento não é uma declaração de riqueza, mas um gesto de gratidão pela alegria e pelo cuidado" que ele recebeu de seus animais e dos dois assessores mais próximos, no caso o cozinheiro e o mordomo.
Quem foi o empresário
Ratan Tata, um dos líderes empresariais mais influentes da Índia, foi cremado após um funeral de Estado na capital financeira do país no dia 10 de outubro. O veterano industrial, ex-presidente de um conglomerado de US$ 100 bilhões, o Tata Group, morreu em um hospital de Mumbai no dia 8, aos 86 anos.
Diversas autoridades da Índia, inclusive o primeiro-ministro Narendra Modi, lamentaram a morte do empresário e destacaram sua trajetória de sucesso.
O empresário se juntou ao Tata Group em 1961 e sucedeu seu tio J.R.D. Tata assume como presidente após a aposentadoria dele em 1991. Sob sua liderança, o conglomerado cresceu significativamente para quase 100 empresas, incluindo a Tata Motors, o maior fabricante de automóveis do país, Tata Steel, a maior empresa de aço privada, Tata Power, e a empresa de tecnologia da informação Tata Consultancy Services.
Em junho de 2008, o Tata comprou a Jaguar e a Land Rover da Ford por US$ 2,3 bilhões. Em 2009, a empresa surpreendeu a indústria automobilística ao lançar o Tata Nano, um veículo pequeno com motor traseiro que custava cerca de 100.000 rúpias (na época, US$ 2 mil). Publicizado como um "Carro do Povo", ele poderia acomodar até cinco adultos.
Tata também era amplamente conhecido por seu trabalho filantrópico. Ele atuou com projetos de filantropia em múltiplas áreas, incluindo saúde, educação, desenvolvimento de habilidades, alívio e reabilitação de desastres, sob os Tata Trusts, a maior organização filantrópica do setor privado da Índia, que ele chefiou até sua morte.