Republicanos e democratas mudam de voto: o que dizem os eleitores nos EUA
Do UOL, em São Paulo
05/11/2024 12h46Atualizada em 05/11/2024 12h46
Naquela que pode ser a campanha presidencial mais acirrada da história dos Estados Unidos, eleitores americanos tradicionalmente ligados a republicanos e democratas chegaram até a mudar de lado nesta campanha, a depender dos motivos que o tiraram de casa para votar nesta terça-feira (5).
O que aconteceu
Republicano assumido, o afro-americano Vatr Jackson, 30, decidiu votar em Kamala nesta eleição. Após votar em Trump em 2020, ele contou em entrevista ao NYT que escolheu a democrata porque o ex-presidente já foi condenado pela justiça. Em maio, Trump foi considerado culpado por falsificar documentos para encobrir um suborno para silenciar uma atriz pornô antes da eleição de 2016.
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Para Jackson, que votou no Arizona, não dá para votar num condenado. "Eu sou um republicado. Cresci como um republicano, mas minhas opiniões não estão alinhadas com certas coisas que estão acontecendo no meu partido", afirmou ao The New York Times.
A pessoa que está concorrendo pelo nosso partido é um criminoso condenado. Isso é meio estranho porque tem certos empregos que eu mesmo não consigo, embora eu não seja um criminoso. Por isso eu votei na Kamala, algo que eu não queria fazer
Vatr Jackson
Já a porto-riquenha Davianna Porter, 20, decidiu votar em Trump. Embora americanos de origem latina costumem votar em democratas, a eleitora da Flórida afirmou que gosta "mais do que ele [Trump] representa".
"[Quero] uma vida melhor no futuro", disse ela, confrontada pela reportagem da CNN sobre Trump ter afirmado que Porto Rico era uma "ilha flutuante de lixo". "Se eles [republicanos] não gostam de porto-riquenhos, isso dói, é claro, mas no final do dia, estou bem com quem eu sou", afirmou.
Depois de votar no democrata Joe Biden em 2020, o corretor Mason Long , 30, votará em Trump desta vez. Além de acreditar que o republicano pode melhorar a economia, sua oposição a guerras lhe afastou dos democratas.
"Acredito que ele [Trump] nos protegerá e nos manterá longe de guerras futuras", disse ele ao NYT. Considerado isolacionista, Trump pretende reduzir a participação americana em conflitos internacionais, diminuindo o fornecimento de armas à Ucrânia na guerra contra Rússia, por exemplo.
Já a eleitora Isabel Rosales (idade não informada) votará em Kamala. Democrata de longa data, ela foi a primeira a chegar para votar em um colégio eleitoral na Georgia, em Atlanta. "Tomei café da manhã às 5h e cheguei aqui logo depois pra ter certeza de que eu seria a primeira da fila", afirmou.
Ela saiu cedo de casa porque pretende votar pelos "direitos reprodutivos da mulher". "Maridos estão sacrificando suas mulheres, filhos sacrificando suas mães e médicos sendo ameaçados com prisão, tudo porque as mulheres precisam ter o direito de se reproduzir", disse ela.
Em 2022, a Suprema Corte dos EUA derrubou uma decisão de 1973 que autorizava o direito ao aborto. Formada majoritariamente por conservadores após indicações de Trump quando foi presidente, a Corte decidiu que os estados americanos que decidissem proibir o procedimento teriam autorização para legislar a respeito.