OPINIÃO
Musk com tudo! Vitória de Trump torna bilionário um grande barão da mídia
Josette Goulart
Da TixaNews
07/11/2024 11h02
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Pensa em um Roberto Marinho. Sim, aquele da Globo, darling. Nosso barão da mídia mais conhecido e poderoso de todos os tempos. Pensou? Agora dá uma turbinada, multiplica por 5, eleva à décima potência, multiplica de novo e o que você encontra? Elon Musk, também conhecido por aqui neste cantinho como Musk Siberiano.
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Não bastava revolucionar o mercado de automóveis. Não bastava construir foguetes. Não bastava ser o homem mais rico do mundo. Ele queria o poder. E o poder vem de quem controla a informação.
A eleição americana não elegeu só Donald Trump. Ela transformou Elon Musk em um barão da mídia com uma espécie de superpoderes turbinados. Ai, Tixa, não é para tanto. Não estou sozinha nessa, darling.
Os fundadores do site Axios, Jim VandeHei e Mike Allen, que são jornalistas americanos experientes e respeitados, escreveram um texto em que o título já diz tudo: "O homem mais poderoso (não eleito) de todos os tempos".
E eles discorrem:
"Musk, antes visto por muitos como um tolo por comprar o Twitter, agora controla a plataforma de informação mais poderosa do partido governante dos Estados Unidos. X faz a Fox News parecer um pequeno panfleto pitoresco em tamanho, escopo e inclinação para a direita."
E Trump adora governar por um tuíte (o primeiro mandato foi a prova disso). Ele convocou o 6 de janeiro pelo Twitter. Ele chegou a ser banido pelo Twitter (não era do Elon Musk, claro). E agora está lá abraçado com o dono do Twitter.
"Nasce uma estrela - Elon", disse Trump no seu discurso da vitória.
Nasce um barão da mídia turbinado e vitaminado, foi o que realmente Trump quis dizer.
Se alguém não entendeu assim, o próprio Trump explicou em um tuíte: "Vocês são a mídia agora."
Pensando bem, até que foi barato para o Elon. Ele gastou uns US$ 120 milhões na campanha do Trump (uns 672 milhões de reais, darling). Dinheiro de pinga. Ok, talvez de tequila.
Abre parênteses. O que será que o Xandão está pensando neste momento, né? Fecha parênteses.
Além de dinheiro, ele também se empenhou pessoalmente. Fez um show do milhão, sorteando cheques para quem assinasse uma petição duvidosa. Fez comícios na Pensilvânia. Gastou horas do seu tempo entrevistando Trump no X. Gastou horas e mais horas divulgando informação falsa.
E eis aqui o nosso problema. Musk divulga informação falsa como se estivesse jogando milho para as galinhas. E pior, ele controla os algoritmos. Que conteúdo vai ser turbinado?
Por falar em conteúdo falso..
..e a galera da teoria da conspiração de eleições fraudadas que de um dia para o outro simplesmente pararam de falar no assunto? Na terça-feira, dia da eleição, Trump escreveu no Twitter que a fraude já tinha começado pela Filadelfia. Na quarta ele estava eleito. Ninguém vai conferir isso daí???
Not, a Kamala Harris ontem no fim do dia reconheceu a derrota, disse que vai continuar lutando e ajudará no que puder para fazer uma transição pacífica. Parabéns para ela. Terminou do jeito que estava nas últimas semanas. Sem grandes clamores. Sem grandes manchetes. Com Trump dominando o noticiário.
Pensamento aleatório
O X-Twitter é tão importante como ferramenta de comunicação que o Biden, quando desistiu de concorrer, fez o anúncio com um tuíte.
Pensamento aleatório 2
O Jeff Bezos sentiu que o Trump ia ganhar e por isso proibiu os editores de opinião do seu jornal, o Washington Post, fazer o editorial apoiando a Kamala?
Pensamento aleatório 3
Estava lembrando aqui um artigo que li há um bom tempo (o X nem era X e não pertencia ao Elon Musk) do Scott Galloway que sugeria uma fusão da CNN com o Twitter. Galloway é um conceituado professor da New York University e virou uma estrela dos ditadores de tendência no mundo dos negócios. Ele dizia que se a CNN quisesse se salvar, deveria se fundir com o Twitter.
Pensando bem, o que o Elon Musk fez foi mais ou menos isso. Mas em vez de se fundir com uma emissora de jornalismo, ele levou os jornalistas para lá. O Tucker Carlson, por exemplo, que era o âncora estrela da FoxNews, faz suas entrevistas hoje no X Twitter.
Voltando para o Musk e Trump
Antes de viverem esse bromance, Musk e Trump se odiavam. Trump chegou a dizer que poderia fazer Musk se ajoelhar diante dele. No fim, se ajoelhou. Dá uma lidinha aqui.
Agora Trump promete que vai entregar parte do governo para Musk. A parte que ele controla o orçamento. E vocês achando que o Lira, nosso Arthurzito da Câmara frigorífica, que tem poder?
O que exatamente Trump está prevendo para a Tesla? Tesla, a fábrica de carros elétricos de Musk, que é o verdadeiro ativo que o torna um dos homens mais ricos do mundo.
Só sei que Trump prometeu que vai mesmo é incentivar a indústria do petróleo. O Musk, quando entrevistou o Trump no X, chegou a dizer que sabia que era preciso muito tempo ainda de carro movido a petróleo antes de se ter só carros elétricos. Mas vamos combinar: Trump simplesmente não quer carros elétricos. Trump não quer combater mudanças climáticas. E foi financiado fortemente pela indústria do petróleo e prometeu que vai produzir mais petróleo que os árabes.
Só que nesse exato momento em que fechamos esta cartinha, as ações da Tesla sobem mais de 14% na bolsa americana, diz nosso editor de negócios aqui.
E o clima?
Bom, o clima talvez tenha alguma chance porque estava lendo hoje no New York Times que a lei que o Biden fez para incentivar a indústria da energia verde dificilmente será derrubada pelos republicanos porque tem muita gente ganhando dinheiro com essa indústria e que muitos empregos foram gerados. Além disso, muitos estados votaram leis climáticas nesta eleição. Só resta saber quantas meia dúzias de estados americanos estão mesmo preocupados com o clima.
Falando em clima, vale lembrar que sempre o clima entre Trump e sua estrelinha pode fechar. Afinal de contas, Trump não gosta que ninguém tenha mais holofotes do que ele. Se liga, Siberiano!
Quem parte leva saudade de alguém
..que fica chorando de dor. Está chegando a hora, BRASEW. As eleições americanas terminaram e amanhã faremos nossa última edição da newsletter de maior sucesso do UOL.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL