Explosões no DF repercutem na imprensa internacional, que relembra 8/1
Manuela Rached Pereira
Do UOL, em São Paulo
14/11/2024 11h03Atualizada em 14/11/2024 13h20
O caso de um homem que morreu após tentar invadir com explosivos o prédio do STF (Supremo Tribunal Federal) na noite de quarta-feira (13) repercutiu na imprensa internacional, que relembrou os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023.
O que aconteceu
Imprensa dos EUA, da América Latina, Europa e do Oriente Médio repercutiram explosões e relacionaram à invasão do Congresso por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em 2023. Veja abaixo como o episódio foi noticiado por alguns deles.
Portais também lembraram proximidade do atentado com G20, no Rio de Janeiro. Encontro entre chefes de Estado, que acontece entre a próxima segunda-feira (18) e terça-feira (19) no centro da capital fluminense, deve debater temas relacionados ao combate à fome, pobreza, desigualdade, desenvolvimento sustentável e governança global.
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Veja como caso repercutiu internacionalmente
The New York Times (EUA)
Jornal norte-americano relembrou ataques à democracia. "Em dezembro de 2022, um homem tentou detonar uma bomba perto do aeroporto de Brasília para protestar contra a vitória de Lula nas eleições presidenciais. No mês seguinte, apoiadores de Jair Bolsonaro invadiram e vandalizaram o Congresso, o STF e o palácio presidencial, que ecoou o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio dos EUA, em Washington".
Muitos brasileiros de direita veem o Supremo Tribunal Federal como uma ameaça à democracia, argumentando que ele está perseguindo vozes conservadoras. O tribunal realizou uma repressão contenciosa à desinformação online e às ameaças às instituições brasileiras, ordenando que as plataformas de mídia social bloqueassem centenas de contas. Também prendeu apoiadores de Bolsonaro que invadiram a capital em 2023.
The New York Times
El País (Espanha)
"Epicentro da tentativa de golpe". O jornal espanhol divulgou: "Na praça [dos Três Poderes] se concentram as sedes da Presidência, do Congresso e do STF, e ela foi o epicentro da tentativa de golpe de Estado protagonizada por milhares de bolsonaristas em janeiro de 2023".
A morte da única vítima tem sido definida pela Polícia Militar como um 'autoextermínio com explosivo'. O ataque mortal de Brasília ocorre a cinco dias do Rio de Janeiro, localizado a quase 1.200 quilômetros da capital, a partir da próxima segunda-feira, acolher a cúpula dos líderes do G-20, o clube das maiores economias do planeta. El País
The Guardian (Reino Unido)
Caso despertou "preocupações de segurança" antes do G20, segundo jornal inglês. "Um homem se matou com uma bomba em frente ao Supremo Tribunal do Brasil depois de tentar entrar no prédio na quarta-feira, despertando preocupações de segurança antes que o país receba líderes globais do Grupo das 20 principais economias".
As explosões ocorreram em torno da Praça dos Três Poderes, uma praça icônica de Brasília que liga os principais edifícios dos três poderes do governo federal do Brasil. Foi palco de tumultos em 8 de janeiro do ano passado, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro saquearam os prédios para protestar contra sua derrota eleitoral. The Guardian
Le Monde (França)
"Acontecimento de gravidade sem precedentes". O primeiro parágrafo da notícia divulgada pelo jornal francês informa: "Um cadáver caído no meio da noite na Praça dos Três Poderes, em Brasília, coração da democracia brasileira: a imagem foi veiculada na quarta-feira, 13 de novembro, em todos os canais de notícias. Antes de confirmarem os fatos, o país se via confrontado com um acontecimento de gravidade sem precedentes, um ataque com bombas contra as suas mais altas instituições".
Apoiando Bolsonaro, ele [autor das explosões] havia postado mensagens ameaçadoras nas redes sociais pouco antes dos acontecimentos. (...) Ele foi atingido por destroços de sua própria máquina? Ou ele teria decidido acabar com sua vida explodindo-se? Segundo vários meios de comunicação, o autor do crime transportava um cinto explosivo, deixando aberta a possibilidade de um ataque suicida.
Le Monde
La Nacion (Argentina)
"Explosões estremeceram centro do poder", divulgou La Nacion. O jornal argentino noticiou uma "forte operação" após as explosões na Praça dos Três Poderes que deixaram um morto. A reportagem também relembrou os ataques de 8 de janeiro, o encontro do G20 e informou ainda que a "grande questão para os investigadores será determinar os motivos das explosões".
Um ano e dez meses depois da tentativa de golpe de Estado, em 8 de janeiro de 2023, as autoridades não descartaram um possível novo ataque com o objetivo de atingir as sedes dos três poderes. La Nacion
Al Jazeera (Catar)
Canal do Catar também relembrou 8 de janeiro e STF como alvo. "A Praça dos Três Poderes também foi alvo de violência política nos últimos anos. Em 8 de janeiro de 2023, por exemplo, milhares de manifestantes invadiram a praça, saqueando os edifícios do governo e entrando em confronto com as autoridades".
O motim [de 8 de janeiro] foi visto em grande parte como um ataque à democracia, pois ocorreu poucos dias após a posse do presidente Lula. Ele descreveu o incidente como um "golpe" e culpou o seu antecessor, o líder de extrema direita Jair Bolsonaro, por espalhar falsas alegações de interferência eleitoral antes da sua derrota. O próprio Supremo Tribunal tem sido alvo de reação desde que abriu uma investigação sobre Bolsonaro e seus aliados pelo seu papel nos motins de 2023.
Al Jazeera
Onde aconteceram as explosões