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Em Brasília, Xi e Lula falam de Rota da Seda e relação pós-vitória de Trump

O presidente Lula (PT) ao lado do presidente da China, Xi Jinping Imagem: Ken Ishii/Pool/AFP

Do UOL, em Brasília

20/11/2024 05h30

A Rota da Seda, que liga o Brasil ao oceano Pacífico, e a vitória de Donald Trump nos EUA deverão ser dois dos principais assuntos entre Lula (PT) e o presidente chinês, Xi Jinping, nas reuniões desta manhã (20) no Palácio da Alvorada.

O que aconteceu

Os dois têm reuniões marcadas pela manhã e um jantar no Palácio Itamaraty à noite. É esperado que eles assinem uma série de atos e parcerias de áreas como infraestrutura, tecnologia e commodities. No Alvorada, deverão também fazer um pronunciamento conjunto à imprensa.

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A visita está sendo tratada pelo Itamaraty como um dos momentos estratégicos deste ano. Sob a desculpa de celebrar os 50 anos de relação entre os dois países, o objetivo é mostrar que as lideranças voltaram a se aproximar, depois do que os dois países consideraram um afastamento durante a gestão Jair Bolsonaro (PL).

A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Só de janeiro a outubro de 2024, foram exportados US$ 83,4 bilhões em bens e importados US$ 52,9 bilhões, um negócio total de US$ 136,3 bilhões, com superávit de US$ 30,5 bilhões para o Brasil.

No Brasil desde o início da semana, Xi chegou à capital federal na tarde desta terça (19), direto do G20. Com Lula ainda no Rio, ele foi recebido pelos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) na base aérea de Brasília.

Debater Rota da Seda, sem formalizar

A Rota da Seda, projeto chinês de ligação da América do Sul ao Pacífico por meio de ferrovia, deverá ser central no debate. A China tem insistido para que o Brasil, maior e mais estratégico país do subcontinente, entre formalmente na chamada "Iniciativa do Cinturão e Rota" (BRI, na sigla em inglês).

O Brasil tem resistido. Diplomatas e membros do Planalto explicam que é possível estabelecer parcerias ligadas à infraestrutura e à ferrovia, sem necessariamente integrar formalmente o programa, o que criaria uma série de enclaves e responsabilidades, inclusive políticas.

Deverão ser assinados atos que margeiam a iniciativa. São esperados parceria e investimentos em ferrovias brasileiras, nas áreas de energia e tecnologia e no agronegócio —um dos setores que mais se beneficiariam da ligação com o Pacífico. Parte desses assuntos já foi tratada durante a última visita da comitiva brasileira a Pequim, liderada por Rui Costa, no fim de outubro.

Mundo com Trump no poder

Sem ser explicitado, o futuro presidente dos Estados Unidos também deverá ser foco da conversa. Eleito no início do mês, Trump tem como norte uma forte política protecionista e anti-China —e cobra anuência disso a seus parceiros comerciais.

O Brasil repete que manterá boas relações com ambos, mas o Itamaraty diz entender a delicadeza da situação. Sem que o encontro fosse marcado com as eleições americanas como horizonte, membros do governo brasileiro dizem que esta não deixa de ser, sim, uma boa oportunidade para mostrar que o laço Brasil-China segue forte.

Trump também promete embargos a quem boicotar o dólar, o que está no horizonte do Brics. Com a ex-presidente Dilma Rousseff à frente do banco do bloco, o Brasil é um dos países que lideram a iniciativa de comercializar com moedas locais em vez de usar a norte-americana, um negócio que também favorece a China. Reforçar essa iniciativa deverá ser outra das pautas do encontro.

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