Centro-esquerda cresce pouco e segundo turno deve ser disputado no Uruguai
Os uruguaios vão às urnas neste domingo (24) escolher seu próximo presidente com pesquisas apertadas após uma vantagem que quase deu a vitória à centro-esquerda no primeiro turno das eleições.
O que diz a última pesquisa eleitoral
Enquanto Orsi tem 49,1% das intenções de voto, Álvaro Delgado (PN) tem 45,7% das intenções nas pesquisas eleitorais. Os números constam no levantamento divulgado pela CB Consultora na quarta-feira (20), último dia de campanha presidencial. Ela tem margem de erro de 3.1 pontos percentuais para mais ou para menos.
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Yamandu Orsi, candidato que teve 43,9% dos votos no primeiro turno, cresceu pouco para a votação deste domingo. Ele é representante da centro-esquerda do país e faz oposição ao atual presidente, Lacalle Pou.
Crescimento do candidato da direita liberal é de quase 20%, segundo as pesquisas. No primeiro turno, Delgado teve 26,8% dos votos.
Terceiro candidato mais votado, Andrés Ojeda teve 16% dos votos e apoiou Delgado. Em publicação nas redes sociais em 17 de novembro, ele afirmou que seus eleitores devem "dizer 'não' ao passado e rumar ao futuro.
Como funciona o segundo turno no Uruguai
Votação no país é obrigatória. Segundo a Constituição, a reeleição de um presidente não é permitida no Uruguai. Com isso, Lacalle Pou, líder de direita que governa o país desde 2020, não pode seguir no cargo.
As urnas abrem às 8h e fecham às 19h30. Os eleitores que estiverem nas filas no momento do encerramento das urnas conseguirão votar.
Projeções não oficiais do resultado devem ser divulgadas ainda na noite do domingo (24). A depender da porcentagem da vantagem dos candidatos, o nome do vencedor pode ser divulgado antes das 22h, segundo o jornal El Observador.
A expectativa é de que a Corte Eleitoral demore um pouco mais a divulgar os dados oficiais. O primeiro boletim oficial do órgão deve ser divulgado às 22h.
Se as pesquisas estiverem certas, a gente vai ter uma vitória bem apertada de Yamandu Orsi, a exemplo do que tem acontecido em outros países da América Latina. Mesmo quando a esquerda ou centro-esquerda, no caso dele, vencem, vencem com uma margem estreita e tem uma governabilidade ali muito apertada, muito pressionada.
Flávia Loss, coordenadora da pós em Relações Internacionais da FESP, ao UOL
Quem são os candidatos
Orsi representa a Frente Ampla. Principal nome da esquerda, ele foi prefeito de Canelones, no sul do país. Ele tem um nome influente dentro do partido Frente Ampla, que governou o Uruguai por 15 anos consecutivos. Aos 57 anos, o candidato é considerado herdeiro político do ex-presidente Pepe Mujica.
Ele é ex-professor de história. Durante seus discursos e entrevistas, Orsi pontuou a necessidade de trabalhar "dentro dos limites do Mercosul". Ao longo da campanha, Orsi também afirmou que quer lutar contra a pobreza infantil e promover políticas de auxílio à saúde mental dos uruguaios.
Delgado faz parte do Partido Nacional. Ele é pupilo do atual presidente, Lacalle Pou. Ele é secretário da presidência no governo e também tem um nome de expressão dentro do partido, com histórico no Senado uruguaio.
Veterinário de formação, o candidato prega a continuidade do trabalho feito pelo atual governo do país. Entre as propostas da campanha dele estão o fornecimento de refeições escolares em todos os dias do ano e fornecimento de cinco dias anuais de licença trabalhista para pais de crianças com menos de três anos.
Segundo turno mostra um Uruguai fora dos extremos
Ideia "antissistema" que assola o resto da América Latina ainda não é popular no país, diz especialista. "No Uruguai, as instituições geram legitimidade e confiança na Democracia. Temos indicadores de que cada vez menos gente se sente identificada com os partidos, mas não representa uma ameaça ao sistema", afirmou à RFI a cientista política Micaela Gorritti, da Universidade da República.
Um dos candidatos mais extremistas da corrida, Gustavo Salle, teve 3% dos votos. Ao longo da campanha no primeiro turno, ele falou contra vacinas, corrupção e "identidade de gênero". Ele também alegou que quer "proteger o meio ambiente". Após perder, ele incentivou seus seguidores a anular o voto.
Apesar de diferenças, candidatos têm proximidade na forma de lidar com áreas como segurança, educação e macroeconomia. Orsi tem enfoque social e fala em um Estado mais presente, sem perder de vista o pragmatismo econômico e a visão de mercado. Delgado, por sua vez, tem um enfoque de mercado, mas não deixa de questionar o papel do Estado em temas como saúde, educação e segurança.
Política externa deve sofrer maior impacto a depender do vencedor. Enquanto Delgado deve manter a continuidade da posição "agressiva" de Lacalle Pou contra o Mercosul, Orsi deve centralizar o bloco na política uruguaia, aproximando, assim, suas relações com o governo Lula.
*Com informações da RFI