Nunca, jamais, diz Trudeau após Trump sugerir que Canadá faça parte dos EUA
Colaboração para o UOL, de Belo Horizonte, e do UOL, em São Paulo
07/01/2025 17h36
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, afirmou nesta terça-feira (7) que "nunca, jamais, o Canadá fará parte dos Estados Unidos", em resposta a uma fala de Trump na segunda-feira (6).
O que aconteceu
Justin Trudeau se manifestou após fala do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Na segunda-feira, Trump afirmou que o Canadá deveria se juntar aos EUA em uma postagem na sua rede social, a Truth Social. "Muitas pessoas no Canadá iriam amar ser o 51º estado".
Afirmação aconteceu pouco tempo após Trudeau anunciar sua renúncia. "Justin Trudeau sabia disso, e renunciou", disse Trump na publicação, após afirmar que os EUA sofrem com enormes déficits e subsídios para manter o Canadá.
Trudeau afirma que não há a mínima chance do Canadá se tornar parte dos Estados Unidos. "Trabalhadores e comunidades de ambos os países se beneficiam por serem os maiores parceiros comerciais e de segurança um do outro", afirmou o premiê.
Renúncia
Na segunda-feira (6), Justin Trudeau anunciou que irá renunciar ao cargo de primeiro-ministro do Canadá. Ele vai permanecer como premiê até que um novo líder seja escolhido.
"Pretendo renunciar como líder do partido e como primeiro-ministro depois que o partido selecionar um novo líder", afirmou. Trudeau disse que refletiu sobre o assunto durante os feriados de final de ano e comunicou a decisão à família na noite anterior.
Trudeau ressaltou que já pediu ao presidente do partido para iniciar a seleção para um novo líder. "Estamos em um momento crítico no mundo", disse. O premiê fez o mesmo discurso alternando para o francês - que também é língua oficial do país.
Justin Trudeau, 53, chegou ao cargo em 2015. A sua renúncia estimula novos apelos por uma eleição rápida para estabelecer um governo estável, que seja capaz de lidar com a administração do presidente eleito dos EUA Donald Trump pelos próximos quatro anos.
Crise política motivou renúncia
Decisão de deixar o cargo ocorreu antes de uma reunião de emergência com legisladores liberais, que aconteceria nesta quarta-feira (8). Um número crescente de parlamentares liberais pediram publicamente desde dezembro que Trudeau renunciasse, alarmados por pesquisas pessimistas em relação à atuação do político.
Trudeau abre mão do cargo de líder do Partido Liberal do Canadá após nove anos. A saída dele deixa a legenda sem um chefe permanente em um momento em que projeções mostram uma possível derrota nas eleições de outubro.
A crise envolvendo o mandato de Trudeau se aprofundou em dezembro de 2024. Naquele mês, a ministra das Finanças do Canadá e vicê-premiê, Chrystia Freeland, pediu demissão após entrar em conflito com o primeiro-ministro em questões que incluíam como lidar com possíveis tarifas dos EUA.
Com minoria no Parlamento, Trudeau se viu frente a um descontentamento crescente em sua própria bancada. Sua popularidade foi abalada e ele foi acusado de ser o responsável pela inflação, crise de moradia e deterioração dos serviços públicos no país.
O líder do Novo Partido Democrático e ex-aliado de esquerda de Trudeau, Jagmeet Singh, anunciou no final de dezembro que havia deixado de apoiar o político. "O tempo deste governo acabou. Apresentaremos uma moção de censura clara na próxima sessão na Câmara dos Comuns", afirmou em uma carta.