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Líbano elege comandante do Exército presidente após 2 anos com cargo vago

Joseph Aoun Imagem: ANWAR AMRO / AFP

Do UOL, em São Paulo

09/01/2025 10h23Atualizada em 09/01/2025 12h29

Joseph Aoun, comandante-chefe do exército libanês, foi eleito presidente da República em votação no Parlamento nesta quinta-feira (9) e encerrou mais de dois anos de vacância do cargo.

O que aconteceu

O general foi eleito no segundo turno da votação na Câmara. Na sessão, ele obteve o apoio de 99 dos 128 deputados que votaram. Por dois anos, nenhum dos grupos parlamentares conseguiram chegar a um candidato de consenso.

Presidente eleito, em trajes civis, foi aplaudido quando entrou na Câmara para fazer o juramento de posse. "Hoje começa uma nova era na história do Líbano", disse Aoun em seu primeiro discurso, se comprometendo a iniciar rapidamente as consultas para nomear um primeiro-ministro, conforme informações da Rfi.

Aoun também declarou que se dedicaria a reafirmar o direito do Estado a ter o "monopólio das armas". A fala foi em referência à guerra entre o movimento Hezbollah e Israel. Ele afirmou ainda que respeitaria a "trégua" com o país.

Novo presidente sucede Michel Aoun, com quem não tem parentesco. O cargo estava vago desde que Michel deixou o palácio presidencial de 2022 antes do fim de seu mandado e não deixou um sucessor designado. Ele ainda assinou um decreto que eliminava a possibilidade de o primeiro-ministro, Najib Mikati, governar o país em caráter interino.

O general, que completa 61 anos nesta sexta-feira (10), não tem experiência anterior como político. Os políticos libaneses dizem que Aoun possui a aprovação dos Estados Unidos.

Presidente foi eleito em momento que autoridades veem melhores chances de sucesso político. A escolha ocorre em um cenário em que o grupo xiita Hezbollah saiu abalado militar e politicamente pela guerra com Israel, além da derrubada do aliado do grupo, Bashar al-Assad, na vizinha Síria, que exerceu domínio sobre o Líbano por décadas.

Hezbollah e seu aliado, o movimento xiita Amal, abriram mão de seu candidato declarado nos últimos dois anos. Ambos os grupos desistiram em insistir em Suleiman Frangieh e declararam que estavam prontos para escolher uma figura menos divisória, segundo três fontes familiarizadas com suas ideias.

Eleição também acontece em meio ao desejo do Líbano por assistência internacional para reconstrução. "Há uma mensagem muito clara da comunidade internacional de que eles estão prontos para apoiar o Líbano, mas isso precisa de um presidente, um governo", disse Michel Mouawad, um legislador cristão que se opõe ao Hezbollah e que votou em Aoun, à Reuters antes da votação.

O papel do presidente libanês é limitado pelo sistema de divisão de poder. Nele, o chefe de Estado é sempre um cristão maronita, o primeiro-ministro um muçulmano sunita e o presidente do parlamento é xiita.

Presidente eleito enfrenta desafios

O Líbano está em uma crise econômica e financeira desde 2019. Há seis anos, a situação tem dizimado a moeda do país e acabado com as economias de muitos libaneses. A empresa estatal de eletricidade, sem dinheiro, fornece apenas algumas horas de energia por dia.

Aoun precisará enfrentar as forças políticas internas libanesas. Isso inclui as relações com o Hezbollah, que não é apenas um grupo militante, mas um partido político com uma forte base apoio e que não aprovou inicialmente a candidatura do comandante.

Falta de experiência do militar pode ser um empecilho. A relativa falta de proximidade do comandante com questões políticas e econômicas pode significar que ele provavelmente dependerá muito de seus conselheiros durante o governo.

Quem é Joseph Aoun?

Aoun nasceu em Sin el-Fil, perto de Beirute, e se alistou no exército em 1983, durante a guerra civil do Líbano. Sua primeira designação foi como comandante de pelotão nos rangers do exército em 1985, e seu treinamento incluiu dois cursos de oficial de infantaria nos Estados Unidos.

Ele se tornou o quinto comandante do exército libanês a ser eleito presidente na história do Líbano. Desde que assumiu o comando do exército em 2017, ele conduziu a instituição durante uma crise financeira nacional que destruiu a moeda e, com ela, o valor dos salários de seus soldados.

*Com informações da Reuters, da AFP e da Rfi

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