'Temos nosso papa de volta': a emoção de quem viu Francisco deixar hospital


Letícia Rocha
Colaboração para o UOL, em Roma
23/03/2025 10h55Atualizada em 23/03/2025 11h25
Foram 37 dias de muita oração e fé até acompanhar a saída do Papa Francisco de volta para a sua residência oficial no Vatiano. A emoção tomou conta de centenas de pessoas que estiveram hoje em frente a uma janela do hospital Gemelli, onde o pontífice apareceu em cadeira de rodas e agradeceu por sua recuperação de uma pneumonia.
"Obrigado a todos", disse um Francisco sorridente, mas ainda com dificuldade de fala. O papa ainda fez questão de saudar Carmela Vittoria Mancuso, uma senhora que vai à audiência papal todas às quartas-feiras. "Reconheço aquela senhora, a que segura flores amarelas".
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Turista brasileira conseguiu realizar sonho
"Eu tinha fé que, de um modo ou outro, conseguiria ver o papa". Com a bandeira do Brasil na mão, Denise Oliveira, de Fortaleza, é só sorrisos ao perceber que, no final de sua viagem de dez dias à Itália, teve o seu sonho realizado.
"Podemos respirar aliviados: temos o nosso papa de volta", declara a franciscana Sabrina Aleixo, também de Fortaleza, mas que vive em Roma há três anos. Uma camaronesa, também franciscana, mas que prefere não se identificar, compartilha a mesma emoção: "A gente precisava vê-lo, ouvi-lo".
Na frente do hospital tinha turistas de todos os cantos do mundo. Entre romanos, segurando um calendário com fotos de Francisco nas mãos, destacou-se Maria Jimenez, 78, cadeirante, com olhar fixo para as janelas do Gemelli. A peruana, também a passeio na cidade, se diz emocionada e feliz por viver esse momento histórico, depois de rezar muito pelo pontífice.
"Volta a normalidade na cidade"
Raffaele Amoruso, todo de branco — um símbolo de festa e alegria na Igreja Católica — e com um rosário feito a mão por ele, era entusiasmado e dizia a todos em volta: "isso a inteligência artificial não consegue fazer. Tivemos fé e ele voltou para nós".
"Meu marido, hoje cedo, mesmo antes de me dar bom dia, disse: eu vou ao hospital ver Francisco hoje", diz a romana Pina Rosa, 70 anos. "Eu já tinha vindo sozinha esta semana, havia pouca gente, mas eu queria fazer uma prece para que, de algum modo, me sentisse mais próxima dele. Hoje, tinha muitas coisas para fazer, mas deixei tudo de lado, ainda bem, porque esse momento foi histórico. Roma, sem o papa, parece que fica em órbita, uma sensação no contexto geral, não só dos católicos. Agora, a normalidade volta a pairar na atmosfera da cidade'.
Francisco deixou o hospital logo em seguida, em um carro branco, sentado no banco da frente, saudando o público.