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'El Loco': quem é ex-sócio excêntrico de Pablo Escobar libertado em Bogotá

Pablo Escobar com Carlos Lehder; ao lado, o ex-narcotraficante detido na Colômbia - Arquivo e Reuters Pablo Escobar com Carlos Lehder; ao lado, o ex-narcotraficante detido na Colômbia - Arquivo e Reuters
Pablo Escobar com Carlos Lehder; ao lado, o ex-narcotraficante detido na Colômbia Imagem: Arquivo e Reuters

Colaboração para Internacional, em São Paulo

02/04/2025 05h30

Carlos Lehder, 75, ex-narcotraficante e ex-sócio de Pablo Escobar (1949-1993), foi detido assim que desembarcou em Bogotá, na Colômbia, na sexta-feira (28) e libertado nesta segunda-feira (31) após decisão judicial.

O que aconteceu

Carlos Lehder estava há 38 anos longe da Colômbia. O antigo aliado de Pablo Escobar, morto em 1993 durante uma fuga, e cofundador do extinto Cartel de Medellín desembarcou na capital colombiana em voo procedente da Alemanha.

Havia uma ordem de prisão em vigor contra ele. De acordo com o Serviço de Imigração da Colômbia, o comando era aplicar a detenção em Lehder assim que pisasse em solo colombiano. O diretor da Polícia Nacional, general Carlos Fernando Triana, informou por meio das redes sociais que o ex-narcotraficante foi conduzido a uma unidade policial da capital para que fosse verificada sua situação judicial.

Carlos Lehder, na Colômbia, em registro de fevereiro de 1988 Imagem: Eric Vandeville

Tribunal de Bogotá determinou sua libertação na segunda-feira (31). A soltura ocorreu pois os mandados já estavam prescritos. Na chegada à Colômbia, a polícia prendeu Lehder com base em uma condenação datada de 1995, relacionada à posse ilegal de entorpecentes, armas e munição. Dois dias depois, o tribunal determinou que a pena de 24 anos já havia prescrito e ordenou sua imediata soltura.

Quem é Carlos Lehder, o 'El Loco'

Criado em internatos na Colômbia, Lehder se mudou para os EUA nos anos 1970, onde foi preso. Ele vivia com parentes em Nova York e se envolveu com roubo e contrabando de veículos, o que o levou à prisão no estado de Connecticut.

Sua entrada definitiva no mundo do tráfico ocorreu após sua libertação em 1975. Segundo reportagem da BBC, Lehder começou com maconha, mas logo migrou para a cocaína, que se tornaria o centro de seu império criminoso.

Conhecimento sobre logística e rotas aéreas chamou a atenção de Pablo Escobar. Tornou-se então um aliado de Escobar para fortalecer o ainda emergente Cartel de Medellín. Lehder foi peça-chave na inserção da cocaína colombiana no lucrativo mercado dos Estados Unidos.

Carlos Lehder, o 'El Loco' Imagem: Divulgação

Em 1978, adquiriu uma ilha nas Bahamas para facilitar a logística do tráfico. Ele transformou o local em uma base estratégica para aviões que transportavam drogas da Colômbia.

Fluente em três idiomas e com perfil intelectual, atribuía discurso político às ações. Nacionalista e crítico feroz dos Estados Unidos, cultivava uma imagem pública excêntrica e ideológica.

Ganhou o apelido de "El Loco" devido ao seu comportamento excêntrico. Durante os anos 1980, financiou movimento político de viés fascista e latino-americanista, fundou um jornal para divulgar suas ideias e chegou a construir um hotel rural conhecido como La Posada Alemana. O lugar abrigava dois leões enjaulados e ostentava uma estátua em tamanho real de John Lennon nu, refletindo a excentricidade do seu proprietário.

Carlos Lehder em frente à estátua de John Lennon e, ao lado, a ilha nas Bahamas que adquiriu Imagem: Reprodução

Lehder foi o primeiro traficante colombiano a ser extraditado para os Estados Unidos. O ano era 1987, auge do conflito entre os cartéis e o Estado colombiano.

Após sua extradição, foi condenado a 135 anos de prisão por tráfico de drogas. A pena foi posteriormente reduzida em 55 anos após ele aceitar cooperar com a Justiça americana, prestando depoimento contra o ex-ditador panamenho Manuel Antonio Noriega. Cumpriu mais de 30 anos de prisão.

Foi libertado em 2020 por razões de saúde e se mudou para a Alemanha, onde tem cidadania. No país europeu deu início a um tratamento contra câncer de próstata. Antes de ir para a Europa, Lehder chegou a pedir ao governo colombiano autorização para retornar ao país e viver em liberdade, mas teve o pedido negado.


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