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Morte de mulher levanta questões sobre segurança de crioterapia nos EUA

Propaganda de crioterapia da clínica Rejuvenice, onde Chelsea Ake-Salvacion, 24, trabalhava, em Las Vegas (EUA) - Rejuvenice.net/Reprodução
Propaganda de crioterapia da clínica Rejuvenice, onde Chelsea Ake-Salvacion, 24, trabalhava, em Las Vegas (EUA) Imagem: Rejuvenice.net/Reprodução

Kimberley McGee e Julie Turkewitz

Em Henderson (Nevada, EUA)

28/10/2015 06h01

Chelsea Ake-Salvacion se sentia na vanguarda dos tratamentos de saúde, trabalhando em um centro de crioterapia neste subúrbio de Las Vegas que promete ajudar as pacientes a queimar calorias, atenuar dores, reforçar o sistema imunológico e deter o envelhecimento, ao mergulhá-las em tanques gelados por alguns minutos de cada vez.

Em suas horas vagas, ela se dedicava a essa prática e sonhava em abrir seu próprio centro de crioterapia quando tivesse aprendido os procedimentos.

Mas na semana passada Ake-Salvacion, de 24 anos, foi encontrada morta em um dos tanques por sua colega e amiga Elise Iverson.

Depois de trabalhar no turno da noite em 19 de outubro no spa Rejuvenice, que oferece duas formas de terapia de congelamento, em tanques que podem chegar a -150 ºC, ela ficou para fazer uma sessão pessoal de crioterapia. Foi encontrada morta no dia seguinte.

O médico legista disse que a causa da morte ainda não foi determinada. Mas, segundo o tio da falecida, o médico lhe disse que o corpo da jovem estava "duro como pedra".

"Alguma coisa deu errado", disse o tio, Albert Ake, 48. "Ela me disse que não há nenhum perigo em fazer isso. A única coisa que pode acontecer é que se você ficar tempo demais pode ter queimaduras de frio na ponta dos dedos."

A morte da jovem levantou questões sobre a segurança na crescente indústria de crioterapia, que é praticada por astros do atletismo e celebridades, mas raramente é estudada e não é regulamentada por nenhum órgão.

Hoje há centros de crioterapia em Nova York, Chicago, Los Angeles e outras cidades, mas os médicos não são unânimes sobre seus benefícios.

Em um comunicado, os proprietários do centro onde Ake-Salvacion morreu - uma firma com duas lojas, chamada Rejuvenice - disseram estar "devastados por esse acidente", e que estavam "voluntariamente examinando todos os nossos procedimentos internos para garantir que nada parecido volte a acontecer".

O site da empresa diz que suas câmaras são "equipadas com numerosos dispositivos de segurança" e que as portas nunca são trancadas, permitindo que as clientes saiam a qualquer momento.

Na segunda-feira, uma semana após o acidente, parecia que as coisas corriam normalmente na loja da Henderson, um prédio estreito em uma esquina movimentada.

Duas formas de crioterapia são oferecidas: uma criocâmara individual, que exige que a cliente use protetores de ouvidos, máscara, luvas, chinelos, meias e roupas íntimas; e uma criossauna para três pessoas, que não exige máscaras ou protetores de ouvidos.

O preço se baseia no tratamento e na necessidade, e o centro oferece uma promoção por meio do Groupon, disse Hailey Cap, gerente da empresa. Cap afirmou que conhecia Ake-Salvacion há três anos, e que ela e outras funcionárias do spa usavam com frequência as criocâmaras, mas nunca sozinhas.

"Sempre havia alguém junto", disse Cap.

Crioterapia - Franck Fife/AFP - Franck Fife/AFP
Jogadores de rugby praticam a crioterapia na Inglaterra; esportistas são alguns dos adeptos da prática
Imagem: Franck Fife/AFP

Ake-Salvacion era natural do Havaí e tinha se mudado para Las Vegas nos últimos anos com seu namorado. Quando este voltou ao Havaí, ela ficou em Nevada, animada com seu novo emprego de gerente do spa, disse seu tio Ake. "Ela adorava o trabalho", afirmou.

Em 19 de outubro, Ake-Salvacion estava trabalhando no último turno. Por volta de 19h30, ela enviou uma mensagem de texto a seu namorado, dizendo que sentia dores no corpo e ia entrar em um dos tanques por algum tempo.

"Foi a última coisa que lhe escreveu", disse Ake. O gabinete do legista disse a Ake que sua sobrinha morreu dois minutos depois de entrar na câmara.

Ake-Salvacion costumava se exercitar em uma academia do outro lado da rua, em frente à Rejuvenice, disse Cap.

"Ela se esforçava muito e publicava seus exercícios no Instagram", disse Cap.

A crioterapia é anunciada como um tratamento excelente para dores musculares.

"Ela devia estar realmente dolorida", disse Cap. "Não sei por que entraria ali sozinha. Não fazemos isso."

Um motivo pelo qual as pessoas não entram sós, segundo a gerente, é que o gás nitroso usado para resfriar o ar pode causar fraqueza.

A polícia de Las Vegas não divulgou um relatório sobre o incidente, mas em uma entrevista a porta-voz Jesse Roybal disse que não parecia ter havido um crime e que o caso continua aberto. "Não parece ter uma natureza suspeita", disse ela.

A Administração de Segurança e Saúde Ocupacional de Nevada foi chamada ao local, mas as autoridades não quiseram abrir uma investigação própria. "Devido ao fato de que a empregada usou a câmara para uso pessoal, fora do horário comercial, o órgão não tem jurisdição", disse a porta-voz Teri Williams.

Os centros de crioterapia da Rejuvenice permitem que as clientes passem alguns minutos dentro das câmaras cheias de ar abaixo de zero grau. Seu site mostra clientes de pé - geralmente nuas - dentro de cápsulas estreitas.

Na última terça-feira de manhã, Iverson chegou para seu turno e encontrou Ake-Salvacion morta.

"A crioterapia é um tratamento seguro, definitivamente, mas não deve ser usado por uma pessoa desacompanhada", disse Iverson em entrevista por telefone. "Foi mal utilizada."