Se a França tenta proibir o burquíni muçulmano, o que diria do "facequíni" chinês?
Antes dos burquínis ganharem as manchetes globais, havia o "facequíni" chinês.
A máscara colorida que cobre o rosto todo ainda está presente, exposta nas praias lotadas chinesas neste verão e à venda online.
Ela chamou a atenção das organizações de notícias ocidentais no verão de 2012. O "New York Times" publicou um artigo de primeira página de autoria de Dan Levin sobre o fenômeno, com fotos notáveis da cidade litorânea de Qingdao por Sim Chi Yin.
Nos últimos dias, pessoas no Twitter e outras plataformas de redes sociais zombaram da proibição dos burquínis por dezenas de cidades litorâneas francesas, ao perguntarem o que as autoridades francesas fariam se turistas chinesas aparecessem vestindo facequínis. A controvérsia na França em torno da proibição do burquíni, popular entre algumas mulheres muçulmanas, por pelo menos 30 municipalidades francesas, muitas na Riviera, prossegue e uma corte superior francesa derrubou a proibição em uma cidade na sexta-feira.
As chinesas usam o facequíni nas praias para se protegerem do sol. Em alguns países asiáticos, não apenas muitas mulheres temem rugas causadas pelos raios ultravioleta, como também querem permanecer o mais pálidas possível. Cremes branqueadores de pele são populares no Japão, Coreia do Sul e Tailândia, por exemplo.
As mulheres chinesas que usam facequínis às vezes também usam trajes de banho que cobrem todo o troco e braços, semelhantes ao burquíni e às roupas usadas pelos surfistas.
Em 2012, em Qingdao, onde o facequíni é mais ubíquo, uma mulher usando uma máscara, Yao Wenhua, 58 anos, disse ao "Times": "Eu tenho medo de me bronzear".
"Uma mulher deve sempre ter pele clara", ela acrescentou. "Caso contrário, as pessoas pensarão que você é uma camponesa."
Por mais surpreendentes que possam parecer nas fotos, os facequínis são familiares na China. Mas e quanto à França? Como as mesmas autoridades e policiais que forçaram a saída das praias das mulheres muçulmanas trajando burquínis reagiriam ao traje chinês?
A proibição do burquíni provocou uma variedade de reações nas redes sociais chinesas, mas não é um grande tema de conversas.
Um homem, Li Ahong, escreveu: "Isso não é um grande passo rumo à civilização, mas um retrocesso ao barbarismo da interferência em assuntos pessoais. Se é permitido que você fique nu, então deve ser permitido ficar totalmente coberto".
(Ahong é uma palavra chinesa para imã, mas não havia indicação óbvia nas postagens do microblog que Li é um imã.)
Outro comentarista argumentou que as preocupações de segurança em torno do burquíni são legítimas: "E se houver bombas sob os burquínis?"
Na quarta-feira, a conta no microblog Weibo do "Diário do Povo", o jornal oficial do Partido Comunista, postou um comentário sarcástico sobre a proibição francesa, atacando a prática dos governos ocidentais de criticar a China por seus abusos de direitos humanos.
"Policiais armados na França forçaram uma mulher muçulmana a tirar seu traje de banho conservador", escreveu um funcionário do "Diário do Povo". "Onde estão seus direitos humanos?"
O autor inseriu um emoticon de um cachorro olhando de soslaio com um sorriso malicioso.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.