Topo

Na Tailândia, uma miss é vítima dos próprios (e imprudentes) comentários políticos

A Miss Universo Tailândia, Weluree Ditsayabut, 22, renunciou ao título após ter declarado que ativistas contrários ao golpe deveriam ser executados - Reuters
A Miss Universo Tailândia, Weluree Ditsayabut, 22, renunciou ao título após ter declarado que ativistas contrários ao golpe deveriam ser executados Imagem: Reuters

13/06/2014 00h04

A atriz e miss tailandesa Weluree Ditsayabut, 22, queria exercer plenamente seu direito ao esquecimento na internet. Até segunda-feira (9), ela era detentora do título de Miss Universo Tailândia obtido em maio, mas comentários que ela havia postado no Facebook e no Twitter provocaram sua renúncia.

Particularmente um que foi feito em novembro de 2013, quando ela atacou, em seu perfil do Facebook, os “camisas vermelhas”, partidários do ex-presidente Thaksin Shinawatra e de sua irmã, Yingluck, ambos expulsos do poder por um golpe de Estado, uma especialidade do exército do país. “Estou com muita raiva de todos esses ativistas diabólicos. Eles deviam ser todos executados”, ela escreveu.

Em prantos, sem coroa nem faixa

Mas a polarização da Tailândia e a violência decorrente dela também se refletem nas polêmicas que agitam as redes sociais.

Sem coroa nem faixa, a Miss Universo Tailândia afirmou que devolveria seu título após uma enxurrada de críticas desencadeada por suas declarações. Seus detratores não se contentaram em atacá-la politicamente e também criticaram sua aparência física. Gorda demais, segundo alguns.

“É um barril de cerveja ambulante”, escreveu bem deselegantemente um internauta em uma página no Facebook anti-Weluree. “Ela não faz jus ao título por causa de sua silhueta, seu rosto e seus modos”, dizia um outro.

“Os comentários contra mim foram duros”, ressaltou a miss. “Eu disse que sentia muito (…). Entendo que sou uma personalidade pública, mas vendo minha mãe infeliz, na condição de filha não posso ficar feliz. Então hoje decidi renunciar como Miss Universo Tailândia”, ela declarou.
Suas contas no Twitter e no Facebook foram desativadas.

Desde o golpe de 2006, a Tailândia se encontra imersa em uma série de crises protagonizadas pelos simpatizantes e pelos inimigos de Thaksin que, apesar de estar exilado em Dubai, continua sendo um fator de divisão do reino entre as massas populares do norte e do nordeste, fiéis ao bilionário, e as elites de Bancoc próximas do palácio real, que o veem como uma ameaça à monarquia.