Pela sexta vez nos últimos oito anos, um programa da HBO, no caso a excelente "Succession", ganhou o principal Emmy de 2022 — o de melhor série dramática. No geral, a noite de premiação da indústria americana de televisão consagrou a empresa na comparação com seu principal rival. Foram 38 Emmys para a HBO contra 26 para a Netflix. Ainda assim, lendo o noticiário sobre a cansativa premiação, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, a impressão que dá é que a Netflix foi a maior vitoriosa. O fato de uma série não falada em inglês, como "Round 6", ter vencido dois prêmios importantes (melhor diretor e ator) foi considerado algo histórico. Na verdade, essa premiação para a série sul-coreana só mostra como a indústria americana é conservadora. "Round 6" venceu porque fez muito sucesso, não porque é especialmente boa. São incontáveis as séries não faladas em inglês, muito melhores, que foram negligenciadas pelo Emmy nos últimos anos. A Netflix também foi um dos principais assuntos do apresentador do Emmy. O comediante Kenan Thompson fez várias piadas, tirando onda da situação atual da Netflix, que perdeu assinantes no primeiro semestre de 2022 e está se preparando para oferecer planos com publicidade, numa forma de recuperar as suas receitas.
Falando de "Round 6", Thompson lembrou que a série acompanha um grupo de adultos que entra num jogo mortal porque estão endividados e precisam de dinheiro urgente. "Em breve quem estará neste jogo será a própria Netflix", riu. A Netflix também foi notícia essa semana graças a uma informação não confirmada de que estaria estudando abandonar a prática de lançar séries inteiras de uma só vez. Segundo esse noticiário, a empresa estaria cogitando exibir capítulos de forma semanal, como fazem as suas principais concorrentes. A informação foi publicada na newsletter What I Am Hearing, do site Puck News, conhecido por antecipar informações sobre a empresa, e repercutiu em vários lugares, inclusive no Brasil. E haveria razões econômicas para isso. Como me disse um executivo da WarnerMedia, "se você solta tudo em um dia, você pode assistir muito conteúdo em um dia, uma semana, um mês. E paga por apenas um mês". O problema é que, desde 2013, com "House of Cards", a Netflix adotou essa prática e, com ela, revolucionou o mercado. Se deixar de oferecer temporadas inteiras de uma só vez, a empresa perderia a sua própria essência, o que me parece altamente arriscado. A ver. O fato é que, para o bem ou para o mal, seguimos falando da Netflix. PUBLICIDADE | | |