Zumbi dos Palmares não é herói extraído dos livros didáticos
Desde o dia 21 de março de 1997 o “Panteão da Pátria e da Liberdade”, localizado na praça dos Três Poderes, em Brasília, passou a abrigar um nome diferente na galeria dos heróis nacionais: Zumbi dos Palmares.
O nome é composto de uma expressão de origem quimbundo, “nzumbi”, que significa “espírito imortal”, acrescida de uma referência ao maior quilombo brasileiro, Palmares. Localizado em Alagoas, entre 1595 a 1695 o quilombo chegou a abrigar cerca de 30 mil negros fugidos do escravismo.
Chefe guerreiro assassinado no dia 20 de novembro de 1695, Zumbi tornou-se símbolo das lutas dos negros por dignidade e igualdade –conforme consta na biografia exibida no Panteão dos Heróis Nacionais.
A saga e a bravura dos quilombolas palmarinos inspiraram um escritor baiano, Edison Carneiro, a publicar, em 1947, um livro intitulado “O Quilombo dos Palmares”, que estimulou uma entidade negra gaúcha a propor a instituição do Dia Nacional da Consciência Negra. Em 20 de novembro de 1971, o “Grupo Palmares”, liderado pelo escritor Oliveira Silveira, realizava em Porto Alegre o primeiro ato público em homenagem à luta e à memória de Zumbi dos Palmares.
Anos depois, em 1978, entidades negras de todo o país reuniam-se em Salvador e aprovavam uma deliberação do Movimento Negro Unificado para lutarem para o reconhecimento de Zumbi como herói nacional e pela instituição do dia 20 de novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra.
Como podemos observar, Zumbi dos Palmares não é herói extraído dos livros didáticos ou do inventário da historiografia oficial, mas construído na luta política pela afirmação da dignidade da população negra e pela superação do racismo e de todas as formas de discriminação e de exclusão.
Neste ano de 2015, mais de mil municípios de todo o país, dentre os quais São Paulo, Guarulhos e Santo André, além dos Estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Alagoas, entre outros, estarão celebrando a memória do herói nacional guardando o dia 20 de novembro como feriado cívico.
“O mais possível novo quilombo de Zumbi”, como diz Caetano Veloso na música “Sampa”, paulatinamente vai ganhando a mente e o coração de todos os brasileiros.
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