Perfil do candidato: homem, branco, sem diploma, de partido pró-impeachment
Felipe Amorim
Do UOL, em Brasília
Quem votar nas eleições municipais de outubro terá estatisticamente mais chances de escolher um candidato do sexo masculino, branco, sem ensino superior, casado e de um partido que apoia o impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, como o PMDB, PSDB, PP e PSB.
No quesito profissão, as maiores chances é de que o postulante a prefeito, vice ou vereador seja um agricultor, funcionário público da prefeitura ou empresário.
Esse perfil pode ser traçado com base nas estatísticas das candidaturas divulgadas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ao se identificar as categorias que apresentam o maior número de candidatos nos diversos temas.
Até o momento, 485.889 candidatos já pediram registro à Justiça Eleitoral. O prazo para os partidos apresentarem seus candidatos se encerrou na última segunda-feira (15), mas o número total pode sofrer pequenas alterações, pois os dados dos candidatos ainda estão sendo liberados para divulgação.
Há pouco mais de 69 mil vagas na disputa. São 11.135 para prefeito e vice-prefeito e 57.931 para vereador, em 5.568 municípios. O Brasil possui 5.570 cidades, mas Brasília não realiza eleições para prefeito e vereador (há apenas o governador do Distrito Federal e deputados distritais), assim como Fernando de Noronha, que é considerada um distrito de Pernambuco e não tem prefeito.
Sexo e cor
A cada 10 candidatos, sete são homens. O percentual de mulheres que vão disputar as eleições é de 31%. Proporção bem abaixo da presença delas na sociedade, onde são mais da metade da população nacional (50,64%), segundo projeção do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Ao pedirem o registro no TSE, os candidatos também respondem sobre cor ou raça, seguindo os mesmos critérios adotados pelo IBGE: amarela, branca, indígena, parda, preta.
Os candidatos que se declararam brancos são a maioria e somam 51,53%. Os pretos (8,65%) e pardos (39,04%) somam 47,69%, seguidos por orientais (amarela), com 0,44%, e indígenas, com 0,34%. As classificações "pretos" e "pardos", tradicionalmente utilizadas pelo IBGE em pesquisas, costumam ser somadas para obter o total da participação da população negra.
Também nesse caso, a proporção entre os candidatos não segue o observado na população em geral. Na última Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE, divulgada em novembro do ano passado, 45,5% da população se declarou de cor branca, 45%, parda e 8,6%, preta.
Estudo, idade, estado civil
Apenas 21% dos candidatos, entre postulantes a prefeito, vice-prefeito e vereadores, possui ensino superior completo. A categoria com maior grupo de candidatos é daqueles com o ensino médio completo: 37,3%. Outros 15,4% não chegaram a concluir o ensino fundamental, e 13,6% têm o ensino fundamental completo.
A maioria dos candidatos, 55%, são casados. Os solteiros representam 34% dos postulantes nessa eleição.
Mais da metade (55%) dos registros no TSE são de candidatos que têm entre 40 e 59 anos de idade. Segundo a última Pnad, essa faixa etária responde por 25,1% da população.
Partido e profissão
Os partidos que obtiveram maior percentual de candidaturas registradas foram o PMDB (8,96%), PSDB (7,2%), PSD (5,95%), PP (5,65%) e PSB (5,45%). Esses partidos, com exceção de poucos parlamentares das legendas, apoiaram o impeachment da presidente Dilma e dão sustentação no Congresso ao governo do presidente interino, Michel Temer (PMDB).
Em seguida, entre os partidos com mais candidaturas, aparecem o PDT (5,27%) e o PT (4,86%), que se posicionam contra o impeachment.
As profissões mais comuns entre os candidatos são agricultor (7,2%), servidor público municipal (6,5%), comerciante (6,5%) e empresário (5,2%).
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