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Em feira, Doria evita comer acarajé: "não tem como sair uma foto razoável "

João Doria Jr visitou um festival de cultura japonesa no parque da Água Branca - Fabrício Bom Jardim/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo
João Doria Jr visitou um festival de cultura japonesa no parque da Água Branca Imagem: Fabrício Bom Jardim/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo

Em São Paulo

21/08/2016 16h56

O candidato do PSDB à Prefeitura, João Doria, defendeu neste domingo (21) mudanças na legislação eleitoral que veta doações de empresas para as campanhas. O tucano disse que o modelo imposto pelo Tribunal Superior Eleitoral torna 'difícil' fazer caixa para suportar a competição.

"Não creio que esse modelo sobreviva para a próxima eleição. Eu entendo que a boa intenção do Tribunal Superior Eleitoral foi modificar a legislação para permitir um maior controle e evitar o que já aconteceu no passado, mas é muito difícil você construir uma campanha sem contribuições de pessoas jurídicas", declarou.

O veto às doações empresariais começa a valer nas eleições municipais deste ano. Os repasses só podem ser realizados por pessoas físicas, mesmo assim obedecendo um limite porcentual sobre os rendimentos do doador.

Neste domingo, Doria fez campanha em dois eventos, o primeiro no parque da Água Branca, que abrigou o Festival de Cultura Japonesa Tosa Matsuri e o outro em Pinheiros, na comemoração dos 456 anos do bairro.

Nos dois eventos de que participou, o candidato percorreu dezenas de barracas de alimentos e guloseimas, mas resistiu a todos eles e nada provou. Nem mesmo o acarajé feito na hora seduziu o tucano. Saíram frustrados os fotógrafos que espreitavam um bom flagrante do candidato com a boca cheia.

Sobre a decisão de não se deixar fotografar comendo em campanha, Doria esclareceu. "Eu adoro pingado, adoro pão com manteiga, adoro pastel e adoro coxinha também. Adoro tudo, não tenho nenhum problema com acarajé e nem com pimenta, mas não tem como ser uma foto razoável você comendo. Só entrar na pesquisa você vai ver todos os políticos no Brasil e fora do Brasil, quando são pegos em fotografias comendo, é um desastre. Então, prefiro comer uns bons pastéis, canoa que eu gosto muito, mas de uma forma mais discreta. Alimentação é um momento de certa privacidade."

Doria fez um corpo a corpo discreto, sem ostentações, com um único cabo eleitoral distribuindo santinhos e adesivos. Sinais de uma campanha com recursos limitados.

"Eu entendo e defendo que as doações empresariais possam ocorrer com mecanismos de controles mais fortes e mais rigorosos. Mas a regra dessa campanha é essa, doação de pessoa física e patrimônio do candidato", disse.

Para o tucano, "essa eleição é um grande teste para o Tribunal Superior Eleitoral e como teste deve ser analisado, deve ser avaliado".

"Mas entendo que é muito difícil você fazer uma campanha sem permitir a contribuição privada e não há recursos públicos suficientes para alimentar toda uma campanha no país, seja municipal, seja proporcional para deputados, senadores, presidente da República. Então, é preciso avaliar um pouco o resultado dessa eleição e, quem sabe, na próxima aprimorar, tirar alguns erros que possam ter prejudicado essa eleição e aprimorar o processo. Tudo se aprimora na evolução", disse o candidato.

Doria enfatizou que é favorável à doação de empresas privadas."Sou favorável, com adoção de um mecanismo de controle mais forte, mais rigoroso do que o existente anteriormente. Mas, reitero, nessa eleição a regra é essa e nós vamos seguir a regra."

Indagado sobre quem mais o preocupa no desafio das urnas, Fernando Haddad (PT) ou Celso Russomanno (PRB), o tucano disse que respeita seus adversários. "Tenho que respeitar todos os adversários. No setor privado, ao longo de 45 anos, aprendi a respeitar meus concorrentes, do menor ao maior. Vou fazer o mesmo na política."

Debate

Sobre o debate na TV Bandeirantes, que acontecerá nesta segunda-feira (22), Doria disse que vai discutir propostas para São Paulo, mas adiantou que o PT será alvo.

"Eu não vou debater a destruição das pessoas, a aniquilação dos nomes. Eu vou debater soluções para a cidade. Mas ao PT a justificativa (das críticas que pretende fazer) é a destruição que impuseram ao país. Destruíram o país, maior inflação, período de três anos de recessão, desemprego, doze milhões de desempregados, a imagem internacional nunca foi tão ruim no Brasil. Uma situação muito trágica e, além disso, um roubo, um assalto ao dinheiro público. Então, não há como você não ser crítico em relação ao PT."

Questionado se vai dizer tudo isso a Haddad no debate da TV, ele observou. "Já disse e vou repetir, inclusive me referindo especificamente ao ex-presidente Lula e à futura ex-presidente Dilma, que vai sair pela porta dos fundos. Aliás, como merece um partido que ajudou a destruir o Brasil. Tem que sair pela porta dos fundos mesmo."

Doria foi diplomático com relação a seu oponente do PT, mas não com a gestão que está no seu final. "Em relação ao Fernando Haddad [as críticas são] pela análise daquilo que ele deixou de fazer. A crítica não é minha, é da população de São Paulo. Alguém que tem 72% de avaliação negativa não foi um bom prefeito. Mas eu não vou estigmatizar pessoalmente, vou falar sobre a gestão do PT na Prefeitura de São Paulo. Não vou falar pessoalmente do prefeito, aliás respeito o prefeito como todos os outros candidatos."

Sobre o anúncio do candidato Celso Russomanno de que pode não participar mais do debate nesta segunda porque Luiza Erundina, do PSOL, foi vetada, Doria declarou: "Somos a favor da participação de todos. Não apenas da candidatura Erundina. Todos que são candidatos, são onze, a nosso ver têm o direito de participar. Se têm o direito a ser candidatos, têm que ter direito a participar do debate. Os veículos de comunicação estabelecem as regras para organizar um pouco melhor o debate, para que seja produtivo e possa atender a expectativa dos telespectadores que querem conhecer as propostas dos candidatos. Não há razão para incluir alguns e excluir outros, mas a decisão do Russomanno eu respeito, seja qual for a sua motivação. Eu irei a todos os debates."

Perguntado se o candidato do PRB não está fugindo ao debate, o tucano ressaltou. "Prefiro não avaliar isso. Ele justifica como sendo em defesa da Erundina, que é sua colega na Câmara. Eles têm uma relação histórica de convívio. Ele também tem relação com o vice da Erundina, que é colega dele na Câmara. O ideal é sempre participar do debate, discutir, sobretudo com boas causas, trabalhando em propostas para que o telespectador, o ouvinte e o internauta verifiquem quem foi melhor no debate e quem tem as melhores propostas para São Paulo."