32. Collor paga funcionários com dinheiro do Senado
Data de divulgação
12.out.2012
O escândalo
Pelo menos 3 funcionários do Senado executam tarefas fora da Casa para o senador Fernando Collor (PTB-AL), informou reportagem da revista "Época" publicada em 12.out.2012.
Segundo o texto, Acemilton Gonçalves da Silva é assistente parlamentar no gabinete de Collor e ganha salário de R$ 2,2 mil. Mas sua verdadeira função é a de jardineiro da Casa da Dinda, residência particular da família Collor em Brasília.
Já Carmem Valéria Soares Rocha e Sandra Regina Sasaki são assistentes parlamentares de Collor e têm salário de R$ 6,4 mil cada uma. Mas dão expediente no Centro de Memória do Presidente Fernando Collor, "uma ampla casa branca em frente à Casa da Dinda", explicou a revista. "A casa tem salas de reunião, uma biblioteca com 30 mil volumes e o acervo sobre a passagem de Collor pela Presidência da República. Não está aberta ao público".
A revista descreveu a jornada de trabalho de Acemilton fora do Senado: "Há dez dias, Acemilton, como de hábito, chegou à Dinda pontualmente às 8 horas e estacionou seu Golzinho num imóvel em frente à casa. Quando buzinou para que abrissem o portão, foi informado da presença de um fotógrafo de ÉPOCA nas imediações. Acemilton deu meia-volta, parou o carro longe da calçada e entrou às carreiras na Casa da Dinda. Vestia um macacão marrom e calçava botas. Meia hora depois, apareceu atrás de um arbusto, espiando o movimento na rua. Mineiro, de 47 anos, Acemilton é um homem simples. Tem consciência de que sua situação é irregular. Acemilton trabalha de macacão, mexe na terra com pás e usa tesouras de poda – mas, para o Senado, não é um jardineiro".
Segundo "Época", Acemilton foi nomeado por Collor "em fevereiro de 2007, uma semana depois da posse como senador". A nomeação, afirmou a reportagem, saiu em um ato secreto, com número 1.343, de 7 de fevereiro de 2007. O episódio dos atos secretos foi um escândalo do Senado revelado em 2009 e também registrado por esta página de Escândalos no Congresso.
Sobre Sandra e Carmem, a revista publicou declaração do general da reserva Marco Antônio Sávio Costa, ex-assessor de Collor, que chefiou o Centro de Memória de Collor até maio do ano passado. "Sandra e Carmen nos ajudaram a organizar o acervo e a biblioteca", afirmou o general. "Elas tinham experiência por ter trabalhado na biblioteca do Palácio da Alvorada".
A reportagem afirmou ainda que os funcionários mencionados "são pagos pelo Senado para ajudar o senador a desempenhar suas funções legislativas" e que "só estão dispensados de ir ao Senado aqueles funcionários contratados sem concurso, que trabalham nos escritórios políticos nos Estados de origem dos senadores".
Outro lado
A revista "Época" publicou que recebeu nota do chefe de gabinete de Collor, Joberto Mattos de Sant"Anna. O texto, segundo a reportagem, afirmou: "desempenham, os três servidores (Acemilton, Carmem e Sandra), como assistentes parlamentares, as atividades de apoio que lhes são determinadas".
Já a assessoria de imprensa do Senado afirmou que é de "responsabilidade de cada gabinete a definição das atividades desenvolvidas pelos seus servidores".
O que aconteceu?
Nada.