Data de divulgação
20.jul.2014

O governo de Minas Gerais gastou R$ 14 milhões para construir um aeroporto dentro de uma fazenda de um parente do senador Aécio Neves (PSDB), segundo reportagem do jornal  "Folha de S. Paulo". A obra começou a ser feita quando Aécio era governador do Estado.

Localizado no município de Cláudio, a 150 km de Belo Horizonte, o aeroporto que foi concluído em outubro de 2010 seria administrado por familiares de Aécio que teriam controle ao acesso do local. O terreno onde fica localizado a pista pertencia ao tio-avô do tucano, Múcio Guimarães Toledo.

De acordo com Fernando Tolentino, primo de Aécio, pelo menos uma aeronave por semana utiliza a pista. O aeroporto tem a capacidade de receber aeronaves de pequeno e médio porte, mas era considerado irregular pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) quando a reportagem foi publicada.

Suposto benefício

Em 1980, quando Múcio era prefeito de Cláudio e Tancredo Neves, avô de Aécio, governava Minas, uma pista de terra foi erguida no mesmo local. O terreno, no entanto, deveria ter sido repassado para a prefeitura da cidade, o que não aconteceu, segundo reportagem do "Valor Econômico".

O então prefeito passou a ser réu em uma ação do Ministério Público Estadual que tenta recuperar o dinheiro público gasto na pista de terra.

Em seu mandato como governador do Estado, Aécio Neves desapropriou o terreno para construir o atual aeroporto. A decisão teria supostamente beneficiado o seu tio-avô. Com a desapropriação, Múcio ganhou o direito de receber do Estado pelo menos R$ 1 milhão de indenização pelo terreno. 

Outro Lado

Aécio afirmou, por meio de assessoria, que o aeroporto foi construído em área do Estado e que nenhum dinheiro público foi investido em área privada. A nota ainda afirma que os documentos para a homologação do aeroporto já haviam sido enviados à Anac. 

A agência informou que não recebeu os documentos necessários pelo governo estadual para que a homologação do aeroporto pudesse ser efetuada.

O governo do Estado de Minas disse, por meio de nota, que as obras do aeroporto foram iniciadas somente após a desapropriação da área, que teria sido repassada para o Estado.

O que aconteceu

Em outubro de 2014, uma representação feita pelo PT contra Aécio pela construção do aeroporto foi parcialmente arquivada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ele afirmou que não havia indícios suficientes para a abertura de inquérito criminal, mas encaminhou o caso para o Ministério Público Federal de Minas Gerais avaliar a possível ocorrência de improbidade administrativa.