ESCÂNDALOS NO CONGRESSO

43. Câmara dos Deputados cassa mandato de André Vargas

Do UOL, em Brasília

Data de divulgação
1.abr.2014

Após vários adiamentos, o plenário da Câmara decidiu em 10.dez.2014 cassar o mandato do deputado André Vargas, acusado de quebra de decoro por envolvimento em negócios com o doleiro Alberto Youssef, preso em 17.mar.2014 na Operação Lava Jato.

A votação aconteceu sem a participação de Vargas, que alegou estar em casa se recuperando de uma cirurgia odontológica e não indicou nenhum representante legal para fazer sua defesa. Por 359 votos a favor, foi aprovada a cassação do deputado, que deve ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa e ficar inelegível por 8 anos.

Vargas utilizou um avião pago pelo doleiro Alberto Youssef para viajar a João Pessoa, na Paraíba, em 3.jan.2014. À época da revelação da viagem, ele era vice-presidente da Câmara dos Deputados e filiado ao PT. Após o escândalo, renunciou ao cargo de vice-presidente da Casa e se desfiliou do partido.

As mensagens interceptadas pela PF mostraram que a viagem a João Pessoa foi discutida entre os dois no dia 2 de janeiro. Youssef agendou o voo em jato particular para Vargas.

Em outra conversa, Vargas e Youssef discutem assunto de interesse do doleiro no Ministério da Saúde, segundo a PF. Na transcrição, a empresa citada é a Labogen que, segundo a Operação Lava Jato, teria sido usada por Youssef para lavagem de dinheiro e pagamento de propina. Em uma das mensagens, o doleiro diz: "Acredite em mim. Você vai ver o quanto isso vai valer. Tua independência financeira e nossa também, é claro."

Uma das hipóteses da PF é que Vargas e o doleiro seriam sócios na Labogen. O laboratório obteve um financiamento de R$ 31 milhões do Ministério da Saúde, durante a gestão de Alexandre Padilha (PT),  para produzir citrato de sildenafila, usado em hipertensão pulmonar. O financiamento foi cancelado após a divulgação do escândalo.

Outro lado
Vargas declarou que conhecia o doleiro há mais de 20 anos e que pediu o avião porque voos comerciais estavam muitos caros no período. Ele disse não ter nenhuma relação com os supostos crimes atribuídos ao doleiro.

No plenário da Câmara, André Vargas admitiu que cometeu um "equívoco" ao utilizar uma aeronave emprestada do doleiro Alberto Yousseff. "Em relação ao avião, eu reconheço: fui imprudente, foi um equívoco. Deveria ter exigido contrato, deveria ter quitado, não deveria ter exposto minha família. É o que me machuca nessa hora", declarou.

O que aconteceu
A Justiça Federal enviou ao Supremo Tribunal Federal, no dia 7.abr.2014, todos os documentos da Operação Lava Jato que ligam o doleiro ao deputado, já que André Vargas, na condição de parlamentar, tem foro privilegiado. No mesmo mês, Vargas pediu licença de 60 dias do mandato para se dedicar à sua defesa.

O presidente do PT, Rui Falcão, reuniu-se com deputados da bancada do PT na Câmara e cobrou a renúncia de Vargas, em 23.abr.2014. Sob pressão, André Vargas se desfiliou da legenda dois dias depois.

Em 10.abr.2014, André Vargas foi preso na 11ª fase da Operação Lava Jato e encaminhado para a carceragem da Polícia Federal em Curitiba.

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