10.Deputado Sandro Mabel (PR-GO) diz ter ajudado a pagar carro para acusado de praticar golpe da creche na Câmara
Data de Divulgação
2.mar.2010O escândalo
Reportagem publicada no dia 2.mar.2010, pelo site "Congresso em Foco" (aqui), mostra que, em depoimento para a Policia Legislativa da Câmara, o deputado Sandro Mabel (PR-GO) disse ter ajudado o servidor Francisco José Feijão, o Franzé, a comprar um automóvel. Franzé, que foi o motorista particular de Sandro Mabel, é apontado como o chefe da quadrilha que aplicou o golpe da creche na Câmara (aqui). O golpe já rendeu um prejuízo de R$ 2 milhões à Câmara.
O deputado disse nunca ter percebido enriquecimento de Franzé. Afirmou que ele ganha R$ 2 mil por mês e que ajudou o motorista a comprar seu carro, "em razão de que [sic] este veículo era utilizado para transportar eventualmente o próprio depoente".
O deputado também ajudou, durante um ano, a chefe de gabinete Maria Solange Lima a bancar a prestação de R$ 1.970 de um outro automóvel, segundo depoimento da funcionária à polícia.
A reportagem teve acesso ao depoimento do deputado (aqui) para a Policia Legislativa do Câmara.
No depoimento, o deputado declarou que não conhecia o paradeiro funcional de cinco funcionários, justamente aqueles que acabaram de alguma forma envolvidos no golpe. Quatro tinham sido contratados, mas ele negou que fossem suas as assinaturas nos atos de nomeação. Disse que desconhecia os quatro servidores. O quinto, Francisco José Feijão, o Franzé, havia sido exonerado.
Sandro Mabel só reconheceu uma assinatura como sua. As outras assinaturas eram similares. "Afirma, entretanto, que as demais assinaturas se assemelham à sua, mas não são de sua lavra", diz o depoimento. Na mesma data, a polícia colheu três páginas de autógrafos de Mabel para serem periciados pelo Instituto Nacional de Criminalística.
Mabel disse que, até o dia 14 de outubro, Franzé "estava trabalhando normalmente". Mas a portaria 7696/2009, de 1º de setembro de 2009, exonerou o motorista do gabinete. Mabel disse ignorar a informação. O deputado afirmou que estava em viagem ao exterior desde 30 de setembro. Mas, no dia 14, afirmou ter conversado com Franzé sobre o golpe.
No depoimento, Mabel negou ter contratado os servidores Márcia Flávia Silveira (nome fictício), Severino Lourenço dos Santos Neto, Alda Silva Bandeira e Rosângela Maria da Rocha. Ele fez as afirmações após ser confrontado com uma lista de secretários parlamentares lotados em seu gabinete.
Segundo Mabel contou aos policiais, as contratações de seus funcionários são feitas sempre pela chefe de gabinete, Maria Solange, por meio da assinatura do deputado nos documentos. Ele disse ainda que Franzé nunca teve funções administrativas. Mabel disse crer que não existe "qualquer possibilidade" de Solange ter participado do golpe da creche.
Em depoimento prestado em 11 de dezembro, a chefe de gabinete, Solange, disse crer que a assinatura de Mabel foi falsificada pelo ex-motorista. Para ela, Franzé usava a conta dos laranjas para pagar despesas. "Aduziu que FRANZÉ estava utilizando a conta corrente de uma pessoa que foi contratada irregularmente para o gabinete, provavelmente com o uso de assinatura falsificada do deputado para o pagamento de diversas contas", diz o relatório.
Em março de 2010, quando o caso foi revelado, Sandro Mabel era o líder do PR na Câmara. O deputado contava à época com 25 funcionários em seu gabinete, que dividiam uma verba de gabinete de R$ 60 mil.
O que aconteceu?
Nada.