ESCÂNDALOS NO CONGRESSO

53. Deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) influencia contratos de Ministério

Data de Divulgação

4.jul.2011

O escândalo

Valdemar Costa Neto (PR-SP), deputado federal e secretário-geral do PR (Partido da República), influencia contratos firmados entre o Ministério dos Transportes e empresas, noticiou o jornal "Folha de S.Paulo" em 4.jul.2011 (aqui para assinantes do jornal e do UOL).

Em 22.jul.2011, a "Folha" publicou entrevista com o vereador Agnaldo Timóteo (PR-SP) em que ele diz: "Qualquer coisa que pertença a um ministério do PR tem de passar pelo Valdemar". Aqui íntegra da entrevista para assinantes do jornal e do UOL. Aqui reprodução aberta a todos os internautas no site do Senado.

Em nota, Valdemar admitiu "participar de reuniões no Ministério dos Transportes, em Brasília, para tratar de interesses do partido [o PR]", publicou a "Folha" em 4.jul.2011. A explicação de Valdemar apareceu em meio a uma crise no Ministério dos Transportes iniciada após a revista "Veja" publicar reportagem, em 2.jul.2011, indicando existência de suposto esquema de propina na pasta para beneficiar o PR, partido de Valdemar.

A crise fez com que o ministro Alfredo Nascimento (PR) pedisse demissão do cargo em 6.jul.2011, segundo noticiou o portal "UOL" no dia da demissão.

Segundo "Veja", Valdemar participaria do suposto esquema de corrupção no Ministério dos Transportes escolhendo as empresas que realizam projetos e obras do Ministério. De acordo com a revista, o esquema envolveria o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e a Valec –órgãos submetidos ao Ministério dos Transportes. A "Folha de S.Paulo" publicou texto explicativo sobre o caso em 6.jul.2011.

Em 10.jul.2011, a "Folha" publicou que "um dia antes do surgimento do escândalo de corrupção no Ministério dos Transportes, controlado pelo PR, ele [Valdemar] deixou claro que troca apoio político por cargos no governo". Aqui o texto (para assinantes do jornal e do UOL).

Segundo a "Folha", o deputado "disse ter negociado com o então ministro Antonio Palocci (Casa Civil) a nomeação de políticos indicados por partidos nanicos (PRB, PRTB, PT do B, PHS, PSL, PRP) que formavam bloco com o PR".

Em entrevista à Rádio Metropolitana de Mogi das Cruzes, o deputado afirmou, segundo publicado pela Folha, que a indicação de seus afilhados para cargos de direção em bancos públicos faria com que as cidades do entorno de Mogi conseguissem verbas para obras. "Na entrevista, ele prometeu R$ 15 milhões à Prefeitura de Santa Isabel (SP) para expropriar terrenos para a construção de viadutos", publicou o jornal. "Quero ver se consigo arrancar todo o dinheiro do Ministério dos Transportes", disse Valdemar à rádio.

Valdemar Costa Neto é também um dos réus do mensalão que teve a condenação recomendada pelo procurador-geral da República em 7.jul.2011, segundo noticiou a "Folha" em 8.jul.2011.

Feira da madrugada
A entrevista de Agnaldo Timóteo foi dada na esteira de outro escândalo: o de que lideres do PR em São Paulo cobravam propina de dirigentes de uma feira, no centro da cidade. A "Folha" divulgou em 21.jul.2011 conteúdo de uma carta em que Timóteo comenta as supostas propinas.

Outra carta, enviada ao prefeito Gilberto Kassab pelo empresário Geraldo de Souza Amorim, ex-dirigente da feira, afirma que políticos do PR, como Valdemar Costa Neto, fazem chantagem e até ameaças de morte.

Na entrevista concedida à "Folha", Agnaldo Timóteo foi questionado sobre quais ele pensava que eram os motivos das acusações feitas por Amorim. "O Geraldo ficou muito magoado. Consegui para ele uma reunião com o ministro Alfredo Nascimento [Transportes], ele conseguiu prorrogar por dois anos a licença para administrar a feira. Mas ele tinha um inimigo implacável, o Ailton [Ailton de Oliveira, atual gestor da feira]. Quando pedi ao Valdemar para prorrogar, ele estava indignado, possesso", respondeu.

Em seguida, o jornal perguntou: "Por que o sr. pediu para o deputado Valdemar Costa Neto?". Ele disse: "O Valdemar é a maior liderança do PR em São Paulo. Qualquer coisa que pertença a um ministério do PR tem de passar pelo Valdemar".

Outro lado
O deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) afirmou, segundo publicou a "Folha" em 4.jul.2011, que as reuniões das quais participou no Ministério dos Transportes eram "organizadas por servidores", ocorriam de forma "sempre transparente" e buscavam "garantir benfeitorias federais para as regiões representadas por lideranças políticas do PR".

Sobre o mensalão, Valdemar disse na entrevista concedida à rádio de Mogi que movimentou caixa dois. "Vamos falar claro: movimentei o caixa dois da campanha eleitoral. Isso todos os políticos brasileiros faziam", afirmou, segundo relatado pela "Folha".

A respeito da feira da madrugada, a assessoria do deputado Valdemar Costa Neto não se manifestou sobre as acusações, publicou a "Folha" em reportagem de 22.jul.2011.

A respeito da feira da madrugada, a assessoria do prefeito Gilberto Kassab confirmou à "Folha" o recebimento de carta enviada pelo empresário Geraldo de Souza Amorim. Mas o prefeito não leu a carta, segundo informou a assessoria. Kassab teria enviado o documento "à Corregedoria para apuração, assim como fizeram seus secretários".

O vereador Adilson Amadeu (PTB-SP) disse, de acordo com a reportagem de 22.jul.2011, que as acusações de Amorim são infundadas. "Eu trouxe essa investigação a plenário. Enviei documentos à polícia, às Justiças Estadual e Federal. Ele vai ter que provar o que diz."

O que aconteceu?

Com relação a Valdemar, nada. Em 28.set.2011, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados arquivou processo disciplinar contra ele, segundo noticiou o portal "G1".

O empresário Geraldo de Souza Amorim, de 61 anos, morreu na madrugada de 20.set.2011. Ele foi baleado em uma tentativa de assalto ao seu sítio, em Tatuí, em São Paulo, segundo noticiou o site do jornal "O Globo".

O ministro Alfredo Nascimento pediu demissão em 6.jul.2011, segundo noticiou o "UOL" no dia de sua saída dos Transportes. Ainda assim a oposição manteve ações para abrir CPI sobre o caso – que até .ago.2011 não tinha as 27 assinaturas de senadores necessárias para ser instalada.

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