55. Deputados ignoram regras da Câmara para pagar alimentação
Data de Divulgação
21.06.2009O escândalo
Reportagem do Correio Brazilense (aqui) mostra que pelo menos 21 deputados usaram recursos públicos para pagar despesas com alimentação no Distrito Federal, o que é proibido.
Em 7 de abril, a Câmara editou uma portaria. Ela determinava que, a partir de 7 de maio, os deputados não poderiam utilizar a verba indenizatória para despesas com alimentação no DF. Mas alguns congressistas ignoraram a regra.
9 deles admitiram a irregularidade e prometem devolver o dinheiro. ?Outros 12 delegam a culpa pela situação à Câmara.
"Se o Nuvep pagou, está certo", disseram alguns dos entrevistados. Nuvep é o Núcleo de Fiscalização e Controle da Verba Indenizatória do Exercício Parlamentar, a repartição que analisa as notas fiscais dos deputados e devolve o dinheiro pago.
O deputado Vieira da Cunha (PDT-RS) admitiu a ilegalidade e disse que continuará tentando ser ressarcido pela Câmara. Afirmou ter se insurgido contra uma regra absurda. "Sou contra e vou continuar gastando porque é um absurdo. Não tem razão a proibição. Vou reapresentar todas as notas que eles devolverem", afirmou o pedetista. Cunha gastou um total de R$ 200,20.
Entre os que admitiram a ilegalidade, está Marcelo Guimarães Filho (PMDB-BA). Ele gastou R$ 182,38 em dois almoços em dias diferentes em junho.
Saraiva Felipe (PMDB-MG) desembolsou R$ 25,80 numa lanchonete e pediu para a Câmara o ressarcir.
Rogério Marinho (PSDB-RN) gastou R$ 35,39 num restaurante típico de comida goiana.
Márcio França (PSB-SP) recebeu R$ 86 por um almoço no restaurante que o Senac mantém ao lado do plenário da Câmara. José Rocha (PR-BA) gastou R$ 17 no mesmo restaurante.
Emília Fernandes (PT-RS) utilizou a verba para ser ressarcida de lanche de R$ 22,45 numa rede fast food.
Dagoberto (PDT-MS) investiu R$ 63 numa churrascaria na Câmara.
Henrique Afonso (PT-AC) não quis pagar do próprio bolso um almoço de R$ 21,20 numa casa vegetariana.
Eles disseram que devolverão o recurso aos cofres públicos.
Entre os integrantes do Legislativo que jogaram a culpa na Câmara está Edinho Bez (PMDB-SC). Ele foi ressarcido em R$ 271,50 em três vezes no Senac da Câmara, e outras três em restaurantes.
Pastor Pedro Ribeiro (PMDB-CE) usou R$ 216,58 do dinheiro público para comer em sete locais de Fast Food.
João Almeida (PSDB-BA) pediu reembolso de R$ 8,73.
Takayama (PSC-PR) disse que checaria as notas e, se houvesse irregularidade, devolveria o dinheiro.
Além deles, outros acusaram a Casa: Antônio Carlos Chamariz (PTB-AL), Bilac Pinto (PR-MG), Celso Maldaner (PMDB-SC), Fátima Pelaes (PMDB-AP), Íris de Araújo (PMDB-GO), João Campos (PSDB-GO), Neilton Mulin (PR-RJ) e Vinícius Carvalho (PTdoB-RJ).
O que aconteceu?
Nada.
Em 25 de junho, (aqui) a área administrativa da Câmara dos Deputados informou que não seria possível ter certeza da infração.
O site da Câmara lista todos os gastos dos congressistas com a verba indenizatória - e as respectivas notas fiscais. Mas não informa o dia em que as despesas ocorreram.
O uso do recurso com alimentação no DF está proibido desde 7 de maio. Assim, não seria possível saber se os deputados fizeram os gastos na vigência das novas regras.