22.Mensalão do DEM: Suposto caixa 2 de Arruda menciona pagamento a "Sarney"
Data de Divulgação
30.abr.2010O escândalo
Documento de controle do suposto caixa 2 da campanha de José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) para o governo do Distrito Federal menciona pagamento a "Sarney". A informação foi publicada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" em 29.abr.2010, em texto assinado por Leandro Colon.
Manuscrito, o documento contém nove nomes, todos acompanhados de números e marcações como "ok" e "pg". Os cinco primeiros valores e nomes foram escritos pelo próprio ex-governador do DF, constatou o perito Ricardo Molina a pedido de O Estado de S. Paulo. São eles:
1-Izalci-300/200-OK
2-Chico Floresta-80-OK
3-Ronaldo-Via-OK-500/2x200-1x150
4-J.Edmar-1.000/100PG+120+800"
5-Sarney-200/150PG
A anotação "pg", feita ao lado do nome "Sarney", foi feita por Márcio Machado (PSDB-DF), um dos arrecadadores da campanha de Arruda em 2006, indicou a perícia.
Machado foi secretário de obras do governo Arruda, deixou esse cargo e a presidência do PSDB-DF no fim de 2009, quando foi envolvido na investigação sobre o Mensalão do DEM (suposta distribuição de propina para a base aliada do governo Arruda).
No entanto, a simples menção do nome "Sarney" nas anotações não permite saber quem é o sujeito referido. A reportagem do Estado ressalva: "o apontamento isolado do nome 'Sarney' não permite indicar a quem da família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), supostamente se refere".
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Distração
O documento que relaciona "Sarney" ao suposto caixa 2 de Arruda foi esquecido em uma emissora de televisão por Márcio Machado em 2007, na época em que Arruda tomou posse do governo do DF.
Na mesma ocasião, o ex-secretário também esqueceu outro manuscrito com os nomes de 41 empresas que doaram para o suposto caixa 2 ( informação revelada pelo jornal em 4.dez.2010).
Agora, os dois papeis "estão em posse do Ministério Público", conclui a reportagem do Estado.
Defesa
Procurado pelo jornal , o presidente do Senado, José Sarney, afirmou ter sido colega de Arruda quando ambos eram senadores. Mas negou ligações políticas com o ex-Democratas e se recusou a comentar o manuscrito.
A reportagem procurou a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB-MA), e o deputado federal Sarney Filho (PV-MA) - filhos de José Sarney - mas não obteve resposta no dia da publicação da matéria de 29.abr.2010.
O advogado do empresário Fernando Sarney, também filho de José Sarney, disse que seu cliente não possui relações financeiras com Arruda.
Fernando Sarney é responsável pela ação contra o Estado de S. Paulo que resultou na proibição ao jornal de divulgar informações sobre a Operação Boi Barrica, na qual o empresário era investigado. O jornal se considera censurado desde 31.jul.2009.
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