ESCÂNDALOS NO CONGRESSO

23. Deputado Leréia (PSDB-GO) se diz amigo de Cachoeira

Data de divulgação
18.abr.2012

O escândalo
Vídeo publicado pelo portal "IG" em 18.abr.2012 mostra o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) admitindo ser amigo do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal em fevereiro de 2012 suspeito de integrar um esquema de corrupção.

No vídeo, Leréia diz que sabia das atividades ilegais de Cachoeira e que não seria sua função "denunciar jogatina". Ele afirmou: "Não sou juiz e não sou promotor. Não tenho estabilidade como polícia. Não dedo nem meus inimigos ainda mais meus amigos".

O envolvimento de Leréia com Cachoeira havia sido exposto pelo jornal "Correio Braziliense" em 4.mar.2012, quando publicação noticiou também que Demóstenes Torres (na época senador pelo DEM-GO) havia conversado por telefone 298 vezes, de fev.2011 a ago.2011, com Cachoeira. As conversas haviam sido grampeadas pela Polícia Federal. O texto do "Correio" está disponível para assinantes.

Segundo o "Correio", Leréia tinha obtido de Cachoeira vagas de emprego para eleitores. "Dos deputados que aparecem nos grampos, Leréia é um dos mais frequentes. A investigação detectou 70 contatos telefônicos entre o deputado e o bicheiro. Em outros 20 diálogos, o empresário da jogatina cita Leréia nas conversas", afirmou o texto.

"Policiais federais transcrevem da seguinte forma um desses diálogos: "Carlinhos solicita a Cida que explique para Maria José como faz para ela tomar posse na cota de Leréia"".

Outro lado
O deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) disse ao "Correio" que não se recordava de Cida ou de Maria José. "Podem ser pessoas que pediram emprego. Conheço atitudes de generosidade de Carlinhos. Ele já me fez favores, como arrumar estágio num laboratório de pesquisa em Anápolis", afirmou. "Anápolis, a 50km de Goiânia, é a cidade de Cachoeira", comentou o jornal.

Ao "IG", o deputado disse o seguinte: "Desde 87 [1987] eu sou amigo dele [de Cachoeira]. Então você veja que... Nós temos mais ou menos a mesma idade. Eu tenho um ano a mais que ele. Sou amigo dele desde a época de juventude, uma amizade longa". Sobre a participação de Cachoeira em sua campanha eleitoral, Leréia disse que teve "apoio político" do empresário. Já apoio financeiro de Cachoeira, Leréia negou ter recebido. "Não, financeiramente [ele] me ajudou em outras ocasiões, não em campanha".

O que aconteceu?
Em 24.abr.2012, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que fosse aberto inquérito para investigar as suspeitas de envolvimento do deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) com Cachoeira. A decisão de Lewandowski foi registrada no site de "O Estado de S. Paulo".

A corregedoria da Câmara dos Deputados também passou a investigar o deputado e, em 11.jul.2012, mesmo dia em que o Senado cassou o mandato de Demóstenes Torres, a Corregedoria da Câmara recomendou abertura de processo disciplinar contra Leréia.

A Mesa Diretora da Casa deve se pronunciar sobre aceitar ou não a recomendação, segundo explicou a "Folha" na reportagem sobre a decisão da Corregedoria. Se aceitar, o político enfrentará processo no Conselho de Ética que poderá resultar na perda de seu mandato.

Em 12.jul.2012, o deputado federal Sérgio Guerra (PSDB-PE), presidente nacional do PSDB, afirmou que levaria o caso de Leréia à Comissão de Ética do partido. O procedimento pode resultar na expulsão de Leréia do PSDB, afirmou notícia da "Folha" sobre a declaração de Sérgio Guerra.

Em 19.dez.2012, a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados aceitou recomendação de sua Corregedoria de que o caso de Leréia fosse levado ao Conselho de Ética da Casa. O conselho deverá tratar do assunto em 2013.

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