Decisão da Justiça é "técnica" e não tem cunho "moral", diz Kassab sobre cassação
Cassados
Kassab (DEM) conversa com sua vice, Alda Marco Antônio (PMDB), durante inauguração de obra na zona leste de São Paulo
Atualizada às 14h01
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), declarou nesta segunda-feira (22), durante a inauguração do 12º Centro de Referência da Assistência Social (Cras), na Vila Formosa, zona leste da capital paulista, que a decisão da Justiça Eleitoral sobre a cassação de seu mandato envolve elementos técnicos e jurídicos e não valores morais. Ele e sua vice, Alda Marco Antonio (PMDB), foram acusados de receber recursos ilegais para a campanha que os elegeu em 2008.
“São questões técnicas e jurídicas. Não está havendo acusação no campo moral. A acusação é que [as doações durante a campanha] não são legais. A Justiça Eleitoral já mostrou posicionamentos diferentes dizendo que isso não é ilegal e, em tempos diferentes, isso aconteceu com presidentes, prefeitos, governadores e deputados estaduais”, afirmou o prefeito.
A cassação foi determinada pelo juiz da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, Aloísio Silveira, e deve ser publicada no 'Diário Oficial' dessa terça-feira (23). No processo contra Kassab, o promotor eleitoral Maurício Lopes acusou o prefeito de ter recebido doações ilegais da AIB (Associação Imobiliária Brasileira), de sete empreiteiras e do Banco Itaú.
A acusação argumenta que a AIB é uma empresa de fachada do Secovi (sindicato do setor imobiliário), o que fere a legislação eleitoral, já que sindicatos não podem fazer doações para campanhas. O Secovi afirma não ter vínculo com as doações.
Com relação às empreiteiras - Camargo Corrêa, OAS, Serveng Cilvisan, CR Almeida, Carioca Christiani Nielsen, S.A. Paulista e Engeform - o promotor alega que elas são acionistas de concessionárias de serviços públicos e, portanto, devem ser equiparadas às próprias concessionárias, que não podem fazer doações. Ainda segundo a denúncia, o Banco Itaú não poderia contribuir na campanha, já que a prefeitura utiliza o banco para fazer o pagamento a uma parte dos seus funcionários.
De acordo com a decisão que revisou as contas de Kassab, aliado do governador e pré-candidato à Presidência José Serra (PSDB), o prefeito e sua vice receberam R$ 10.090.000,00 em doações irregulares, o que representa 33,87% do total declarado na prestação de contas (R$ 29.788.531,56).
Para o juiz, que julgou e rejeitou cassação em processos similares dos candidatos derrotados em 2008 Marta Suplicy (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB), o percentual de 20% da arrecadação é o piso para caracterização de abuso de poder econômico.
Quando perguntado sobre as razões de parte das empreiteiras doadoras terem recebido da prefeitura, durante seu atual mandato, um valor equivalente a 3.400% do que foi doado por elas durante a campanha, segundo reportagem do Jornal da Tarde, Kassab disse que “não existe essa vinculação. O que existe é uma campanha pautada em critérios éticos, com seriedade, com propostas e com transparência”.
Kassab e Alda tentam evitar contaminação política
Em todas as suas declarações, o prefeito seguiu orientações transmitidas por lideranças tucanas e democratas, restringindo a decisão sobre sua cassação ao campo técnico para evitar uma possível contaminação política. Kassab salientou que sua campanha foi feita de maneira correta, "com muita transparência e com muita ética", e que também confia na Justiça.
A vice-prefeita, Alda Marco Antônio, que também participou da inauguração na Vila Formosa, seguiu o mesmo comportamento de Kassab. “É uma questão técnica que está sendo discutida. Confio na Justiça”, afirma. “Sabíamos que o processo estava em andamento e que isso poderia acontecer”, acrescenta a vice-prefeita.
Em seu site na internet, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo informou nesta segunda-feira (22) a cassação do diploma de prefeito de Kassab e de Alda Marco Antônio. O advogado Ricardo Penteado disse mais cedo que vai recorrer da decisão ainda nesta tarde.
*Com informações de Maurício Savarese, do UOL Notícias, em São Paulo
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.