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Lula zomba da Justiça Eleitoral e diz que passará o ano viajando

Maurício Savarese <br> Do UOL Notícias* <br> Em Osasco (SP)

25/03/2010 15h28

Atualizado às 15h41

Durante cerimônia de inauguração de 106 moradias em Osasco, na região metropolitana de São Paulo, nesta quinta-feira (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez piada com a decisão da Justiça Eleitoral de multá-lo em R$ 5.000 por propaganda antecipada à provável candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao Palácio do Planalto.

Na semana passada, o ministro Joelson Dias, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), multou o presidente por conta de um evento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) no Rio de Janeiro em maio de 2009, no qual ele teria feito propaganda fora de época para Dilma. Partidos oposicionistas têm apelado à justiça para evitar que Lula ajude a divulgar a ministra em eventos do governo.

Falando a cerca de 1.000 pessoas, segundo sua assessoria de imprensa, o presidente afirmou que neste ano eleitoral continuará viajando pelo país para inaugurar obras apesar das críticas dos oposicionistas que têm o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), como pré-candidato à Presidência.

“Estamos fazendo um processo de reparação (aos mais pobres) e eu tenho certeza de que vai continuar. Eu não posso pedir pra vocês gritarem o nome (de Dilma) porque eu já fui multado pela Justiça Eleitoral em R$ 5.000 porque eles disseram que eu falei o nome de uma pessoa. Então pra mim não tem nome aqui"”, disse Lula.

Assim que os novos moradores do conjunto habitacional entoaram no nome de Dilma, o petista ironizou: “Se eu for multado vou trazer a conta pra vocês. Quem vai pagar a multa? Levanta a mão para eu saber quem vai pagar minha multa?", afirmou, fazendo com que a maioria dos presentes erguessem o braço.

Mesmo assim, o presidente prometeu continuar com a iniciativa. “Este é um ano em que eu vou viajar o Brasil inteiro”, afirmou. Dilma terá de deixar o cargo até o dia 3 de abril para concorrer nas eleições presidenciais. A Justiça Eleitoral exige que os ocupantes de cargo no poder executivo se afastem dos seus cargos até esta data.

Tom popular
No seu pronunciamento, a ministra, única pré-candidata do PT à sucessão de Lula, ensaiou um tom mais relaxado que o habitual. Falou sobre a lua, as “varandinhas” das casas recém inauguradas e iniciativas a serem reforçadas na segunda etapa do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Em discurso mais cedo, durante evento de entrega de 650 ambulâncias adquiridas pelo governo federal em Tatuí (SP), Dilma afirmou que "a esperança mais uma vez vem vencendo o medo". Na próxima segunda-feira (29), a ministra participará da cerimônia do PAC 2, que terá foco em habitação, saneamento básico e creches.

Também no evento em Tatuí, Lula evitou falar em eleição, criticou o fim da CPMF (Contribuição Provisória sobre a Movimentação ou Transmissão Financeira) e disse que seu sucessor terá que lutar para aumentar os recursos para a área de saúde. “Por mesquinharia, o Senado me tirou R$ 40 bilhões por ano do orçamento da saúde (após votação em dezembro de 2007). Quem quer que seja o próximo presidente, vai ter que discutir mais dinheiro para a saúde. Não tem alternativa. Não é possível fazer saúde nesse país sem dinheiro”, disse.

Antes do presidente, quem discursou foi o governador, que recebeu algumas vaias do público antes de subir ao parlatório. Na sua fala, Serra destacou a capacidade da Saúde em gerar empregos, falou de ações do governo do Estado e só descontraiu ao falar de futebol. “Tem palmeirense aqui também? A minoria também tem direito”, afirmou a uma platéia formada por metalúrgicos da Rontan, fabricante das ambulâncias.

De acordo com as mais recentes pesquisas de intenção de votos, Dilma encurtou a desvantagem com relação a Serra no primeiro turno. O instituto Datafolha aponta 32% para o tucano e 28% para petista, em pesquisa feita entre dezembro e fevereiro.

*Com informações do UOL Notícias, em São Paulo