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Sérgio Guerra eleva tom de críticas ao governo Dilma e reclama de 'rolo compressor'

Rayder Bragon<br>Especial para o UOL Notícias<br>Em Belo Horizonte

02/04/2011 12h14

O presidente nacional do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE), fez reparos aos três primeiros meses da gestão da presidente Dilma Rousseff e deu nota 5 ao trimestre gerido por ela. O tucano reclamou da relação dispensada pela presidente em relação ao Congresso.

“O fato concreto, do ponto de vista do Congresso, onde as coisas se desenvolvem neste aspecto, tudo o que se deu foi um rolo compressor. Negociação zero. (A votação) do salário mínimo foi um belo exemplo. Ela não conversou sobre o salário mínimo nem conosco nem com os sindicatos, nem com as forças sociais”, afirmou o parlamentar, para quem a presidente “fixou o padrão (do salário mínimo) dela por cima de pau e pedra”.

Guerra também criticou o corte no orçamento feito pelo governo federal (R$50 bi), atribuindo a isso “aumento do poder e o arbítrio para controlar o Congresso”.

“As mudanças administrativas são invisíveis. A gente não conhece. O que nós vimos são ministérios em grande parte secretos, ninguém conhece, e com alguns nomes que não tem nada a ver com as tarefas para as quais foram indicados. O ministério da Dilma é muito fraco”, disse o parlamentar, antes de participar de encontro de governadores do PSDB, que está sendo realizado neste sábado (2), em hotel de Belo Horizonte.

Guerra afirmou que “a inflação está voltando e a economia não vai bem”. O dirigente minimizou pesquisa CNI-Ibope, publicada ontem, na qual 73% dos entrevistados aprovam a gestão de Dilma Rousseff. “É preciso ter muita calma”, avaliou o tucano.

Por outro lado, ele afirmou esperar que iniciativas vistas pela oposição como “significativas”, dadas pela presidente Dilma, sejam levadas a cabo. Citou avanço na política externa brasileira e lembrou o caso do Irã, no qual o Brasil votou a favor da designação de um relator especial da ONU para avaliar infração a direito humanos naquele país. Ele também avalizou a “preocupação com uma administração profissional”, como pontos positivos do governo federal.

“Mas uma coisa é a palavra, outra coisa são os atos. A presidente está aí andando e falando. A gente espera que ela comece a agir”, disse. O presidente do PSDB, no entanto, elogiou a maneira discreta de Dilma governar.

“É bom para a democracia. A gente sempre reclamou do excesso de palavras do presidente Lula e que desequilibrava o jogo democrático. Ela não, ela fica no lugar dela. Isso melhora o ambiente democrático”, avaliou. Ele foi além e ainda citou que os três primeiros meses agradaram à oposição.   

“O governo da presidenta Dilma (Rousseff) tem três meses. Nesses três meses, a presidenta fez um discurso que, em grande parte agrada à oposição, na medida em que ela subscreveu críticas da nossa campanha do José Serra (candidato tucano derrotado na eleição presidencial) e procura dar respostas a essas críticas”, disse o parlamentar.

Criação de novo partido

O presidente criticou a criação do PSD (Partido Social Democrático), tocado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, ex-DEM.

“O PSDB não foi atingido por esse novo partido. A gente acha que esse partido não surge de forma positiva. Ele está reunindo descontentes desconectados do Brasil afora. Isso não é construção de democracia”, disse Guerra, que admitiu que partidos aliados poderão sofrer uma "lipoaspiração", com a entrada em cena da nova legenda.

Segundo ele, quem demonstrou interesse em ingressar na nova sigla “está saindo do campo da oposição para o campo do governo, usando uma janela (novo partido)”, disse.

Mandato para reestruturar o partido

Guerra afirmou ainda que a próxima gestão do PSDB (haverá eleição em maio para escolha do presidente nacional) será um “mandato para reestruturar o partido, que precisa de unidade”. De acordo com ele, quem assumir a presidência nacional do PSDB (ele é candidato à reeleição) “tem de ter força para quebrar estruturas que impedem o partido de crescer”.

Guerra defendeu a “abertura do partido à comunicação, de uma maneira democrática, e construir um partido que possa sustentar uma campanha para presidente da República”.

Ele lembrou que “em algumas áreas o partido está fraco e precisa ser reestruturado”. "Eu diria refundado, como o (senador por Minas Gerais) Aécio (Neves) falou." Porém, ele não explicitou quais seriam as áreas.

Participam do encontro os governadores Antonio Anastasia (Minas Gerais), Anchieta Júnior (Roraima), Beto Richa (Paraná), Geraldo Alckmin (São Paulo), Marconi Perillo (Goiás), Simão Jatene (Pará), Siqueira Campos (Tocantins) e Teotônio Vilela Filho (Alagoas).


Especial para o UOL Notícias
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