Sete acusados de irregularidades no governo de Campinas foram doadores na campanha do atual prefeito
Todas as sete pessoas que tiveram a prisão preventiva decretada na última quinta-feira (11) à noite sob a acusação de fraudes, corrupção e formação de quadrilha em Campinas (93 km de SP) aparecem como doadores da campanha de reeleição do prefeito da cidade Hélio de Oliveira Santos, o Dr. Hélio (PDT), em 2008.
A mulher de Dr. Hélio, Rosely Nassim Jorge Santos, e o vice-prefeito, Demétrio Vilagra (PT), estão entre os sete que tiveram a prisão decretada e continuavam foragidos da Justiça até a tarde deste domingo (12).
Na última campanha, a primeira-dama aparece como doadora de R$ 9.000 e Vilagra, R$ 10 mil.
Também tiveram a prisão preventiva decretada e aparecem como doadores o ex-secretário de Comunicação Francisco de Lagos, o ex-secretário de Segurança Carlos Henrique Pinto, o ex-diretor da Sanasa (empresa de saneamento da cidade) Aurélio Cance Júnior, o ex-diretor de Planejamento da prefeitura Ricardo Cândia e o ex-diretor comercial da Sanasa, Marcelo de Figueiredo.
No caso de Cândia, quem aparece como doador de campanha é a mulher dele, Fabiana.
Já no caso de Lagos, não só ele, mas três familiares aparecem como doadores de Dr. Hélio. No total, as doações somam R$ 68 mil.
Outros citados na investigação aparecem também como doadores do pedetista em 2004 como o ex-presidente da Sanasa (Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento) de Campinas e principal delator do suposto esquema, Luiz Augusto de Aquino, e o ex-conselheiro da Sanasa, Valdir Carlos Boscato.
Até a tarde deste domingo (12), apenas Henrique Pinto e Marcelo Figueiredo haviam sido presos e os demais continuavam foragidos. Os dois estão detidos no presídio da Polícia Militar, na capital paulista.
Dr. Hélio por enquanto não teve o nome citado nas investigações, mas responde a uma CP (Comissão Processante) na Câmara Municipal, que pode resultar em seu impeachment. Ele alega que não sabia do suposto esquema de fraudes em contratos públicos denunciado pelo Ministério Público.
Ao todo, 22 pessoas foram denunciadas pelos promotores por corrupção passiva, fraudes em contratos. Na sexta, a Justiça solicitou à Polícia Federal o bloqueio ou cancelamento dos passaportes dos 22 investigados.
O prefeito declarou aos promotores não saber do paradeiro de sua mulher. Na sexta-feira, a Polícia Civil realizou buscas pela primeira-dama na casa deles e em duas chácaras da família.
No relatório de 408 páginas do Ministério Público, a primeira-dama e ex-chefe de gabinete de Dr. Hélio é citada como “comandante” e “idealizadora” da organização que agia supostamente em fraudes de contratos públicos. Segundo o Ministério Público, a organização desviou pelo menos R$ 615 milhões.
O relatório aponta ainda que o “o núcleo de corrupção da Sanasa [companhia de saneamento da cidade] foi instalado no início de 2005, tão logo a senhora Rosely assumiu a chefia de gabinete da Prefeitura de Campinas e arregimentou os demais agentes públicos necessários a seu plano criminoso”.
Mensagem do dia dos Namorados
Neste domingo (12), Dia dos Namorados, Dr. Hélio postou uma mensagem de amor à sua mulher em seu twitter na qual reafirma acreditar na inocência dela.
“É o 1º dia dos namorados solitários. Resta o amor, minha absoluta confiança na sua inocência, na verdade e na justiça. Rô?, Um beijo”, postou o prefeito no início da manhã.
Na última sexta-feira à noite, Dr. Hélio divulgou uma nota oficial na qual não cita o envolvimento de sua mulher, mas afirma que continuará na administração.
“Todos os citados como suspeitos de cometerem ilicitudes contra a administração municipal foram exonerados”, diz ele em um trecho na nota.
"O relatório com o conteúdo das investigações, realizadas pelo Ministério Público, isenta de responsabilidade a figura do prefeito”.
Após ter o alto escalão de seu governo acusado pelas fraudes, Dr. Hélio, arrolou na semana como testemunhas de defesa de seu processo de impeachment dois ex-ministros do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que continuam na gestão Dilma Rousseff: o ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB), e o ministro do Trabalho e Renda, Carlos Lupi (PDT).
Os advogados dos demais acusados devem ingressar nesta segunda-feira com pedidos de habeas corpus no TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo.
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