Falamos "coisa de casal", diz mulher após se encontrar com Cachoeira por 15 min; termina 1º dia de audiência
Lourdes Souza e Rafhael Borges
Do UOL, em Goiânia
24/07/2012 19h17Atualizada em 24/07/2012 22h06
O primeiro dia de audiência da Justiça Federal de Goiás sobre a operação Monte Carlo, da Polícia Federal –que prendeu em fevereiro o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira– foi encerrada por volta das 18h45 desta terça-feira (25), em Goiânia.
A mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, que acompanhou a sessão ao longo do dia, pediu em voz alta para falar com o companheiro por 30 minutos. O juiz autorizou o encontro por 15 minutos, e os dois se retiraram do auditório acompanhados de policiais federais que fazem a escolta e segurança da audiência.
Após o encontro, Andressa foi cercada por jornalistas e disse que eles falaram de "coisa de casal". A mulher do bicheiro disse que a imprensa estava querendo "saber demais" da intimidade deles, e não respondeu quando foi perguntada se o marido falaria no depoimento previsto para amanhã.
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Houve correria na saída de Cachoeira da audiência, e o carro da Polícia Federal que levava o contraventor bateu em outro veículo da corporação, quase atropelando jornalistas. Um cinegrafista teve o equipamento danificado.
Hoje foram ouvidos hoje apenas duas das 14 testemunhas previstas: os dois agentes da PF Luiz Carlos Pimentel e Fábio Alvarez, que participaram da operação. O Ministério Público Federal requereu a dispensa das outras duas testemunhas de acusação.
Os advogados dos acusados pediram a suspensão da audiência e o retorno da mesma na manhã desta quarta-feira (25) --o que foi aceito pelo juiz federal Alderico Rocha Santos. O advogado de Wladimir Garcêz –apontado como braço político de Cachoeira–, Ney Moura Teles, informou que dispensou 4 das dez testemunhas de defesa que iriam falar hoje. Segundo o magistrado, outra testemunha de defesa também foi dispensada.
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Os trabalhos serão retomados amanhã, quando sete testemunhas ainda devem ser ouvidas. Os primeiros serão dois agentes da Polícia Federal --os nomes só são informados no momento em que os depoentes entram no auditório da Justiça Federal. O depoimento mais aguardado é o de Cachoeira, que pode falar publicamente, pela primeira vez, sobre as acusações.
A expectativa é de que as atividades possam ser prorrogadas até a próxima sexta-feira (27), caso os réus decidam se pronunciar.
Se usarem o direito constitucional de permanecer em silêncio, segundo os defensores e o magistrado que conduz o procedimento, as audiências podem terminar amanhã, mesmo que seja necessário entrar no período da noite.
O caso
Carlinhos Cachoeira é acusado de chefiar uma quadrilha que comandava jogos ilegais, principalmente em Goiás, e de usar de influência com parlamentares, como o ex-senador Demóstenes Torres, para manipular licitações e facilitar a entrada de empresas supostamente ligadas a ele e outros aliados nos governos do Distrito Federal, Rio de Janeiro e Goiás.
Pelas suspeitas de envolvimento com Cachoeira, Demóstenes teve o mandato cassado no último dia 11. Os governadores Agnelo Queiroz (PT-DF), Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e Marconi Perillo (PSDB-GO) foram citados em escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal durante as operações Vegas e Monte Carlo.
Os envolvidos assumem ter falado com Cachoeira em algumas situações e motivos diversos, mas negam envolvimento nas ações do bicheiro.