Topo

Prefeito renuncia ao cargo por causa do salário baixo no interior de São Paulo

  • Divulgação

    Como médico, salário é melhor

José Bonato

Do UOL, em Ribeirão Preto (SP)

01/08/2013 14h49

O médico ginecologista Márcio Faber (PV) renunciou ao cargo de prefeito de Paranapanema (261 km de São Paulo) nesta quarta-feira (31) sob o argumento de que o salário que recebia do município era baixo. Ele ganhava R$ 5.800, e, agora, na iniciativa privada, espera receber R$ 30 mil.

“Pensei que desse para conciliar as duas coisas: a profissão de médico e o cargo de prefeito. Mas a parte jurídica disso não é bem definida. Então, para evitar uma complicação maior, que é a cassação, preferi renunciar”, afirmou Faber ao deixar a prefeitura, função que exerceu pela primeira vez.

Faber já está em um novo emprego, em outra cidade, mas não informou o local. Os dois telefones celulares dele, fornecidos pela prefeitura e pela Câmara, não atendem as chamadas.
“Ele saiu da cidade meio que corrido”, afirma o vereador Afonso Aires de Melo, 39, que está filiado ao mesmo partido do médico, o PV.

O ex-prefeito foi eleito com 60% dos votos nas eleições de 2012, numa aliança feita com o PT, com a promessa de inovar a administração municipal. Paranapanema tem aproximadamente 11 mil eleitores.

O argumento não convenceu o vereador de oposição Laerte Rodrigues de Lima (PR). “Ele não conseguiu ser a novidade que prometeu nem inaugurar uma nova era na gestão do município conforme apregoou na campanha.”

Compra sem licitação

De acordo com Lima, nos sete meses em que esteve no comando de Paranapanema, o ex-prefeito foi acusado de comprar medicamentos sem fazer licitação e foi obrigado a revogar um contrato de transporte escolar após o Tribunal de Contas do Estado (TCE) apontar irregularidades em 16 itens.

O vereador, empresário, afirma que a saída do ex-prefeito representa prejuízo para o município, que enfrenta dificuldades em “todos os setores” e está com um atraso de pelo menos 15 anos em relação a outras cidades.

Mas o vereador reconhece que o salário de prefeito da cidade, uma estância turística, é baixo em face dos desafios do cargo. Ele afirma que a Câmara cogita em melhorar os vencimentos, e que isso era do conhecimento do ex-prefeito.

A reportagem do UOL procurou Faber para ele comentar as críticas do oposicionista, mas ele não atendeu às chamadas telefônicas. No lugar do renunciante, assumiu Antônio Hiromiti Nakagawa, que, até quinta-feira, era o vice-prefeito.