Pavor de interrogar mulheres e gays, diz coronel sobre "Casa da Morte"
Hanrrikson de Andrade
Do UOL, no Rio
25/03/2014 15h51Atualizada em 26/04/2014 14h13
O coronel Paulo Malhães, que recentemente havia assumido ter sido o responsável por desaparecer com o corpo de Rubens Paiva, afirmou nesta terça-feira (25) que tinha "verdadeiro pavor de interrogar mulheres e gays", em referência à sua atuação na Casa da Morte de Petrópolis, um dos centros clandestinos de tortura do regime militar, na serra fluminense.
A resposta foi dada no momento em que os representantes da Comissão Nacional da Verdade, em audiência pública realizada nesta tarde, no Rio de Janeiro, perguntaram se ele conhecia a militante da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) Heleny Ferreira Telles Guariba, desaparecida desde 1971.
Veja também
Malhães declarou que, na Casa de Petrópolis, matou "pouca gente", mas não quantificou o número de óbitos, apesar da insistência dos membros da CNV. "Eu não tinha outra solução. Qual seria a outra solução? Me dê uma!”, exclamou. “Me dê uma chance!"
Nova versão
No mesmo depoimento, o coronel voltou atrás e disse não ter executado a missão de desaparecer com o corpo do ex-deputado Rubens Paiva, preso e torturado durante o regime militar, porque recebera, de última hora, uma "outra incumbência".
O militar foi acusado de cair em contradição pelos representantes da CNV, devido às entrevistas recentes aos jornais "O Globo" e "O Dia". O mesmo havia sido dito por ele à Comissão Estadual da Verdade.
O coronel reformado chegou ao Arquivo Nacional, onde presta depoimento, em uma cadeira de rodas. Inicialmente, a audiência seria fechada para a imprensa. Porém, no decorrer do depoimento, o próprio Malhães não se opôs à presença dos jornalistas quando estes foram chamados para registrar imagens. (com Folha de S.Paulo)