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Com aumento de 93%, estagiários da Alerj ganham mais do que professores

Do UOL, no Rio

06/05/2015 10h44

A Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) reajustou em cerca de 93% os valores das bolsas recebidas pelos estagiários de níveis médio e superior. O aumento ficou bem acima da inflação (40%) em ambos os casos. No caso dos funcionários de nível médio, a bolsa subiu de R$ 990 para R$ 1.906,04 (alta de 92,5%). Já o valor recebido pelos universitários que estagiam na Casa passou de R$ 1.480 para R$ 2.860,41 (alta de 93,2%).

Os reajustes estão vigorando desde o dia 1º de março. As remunerações oferecidas pelo trabalho de quatro horas diárias --20 horas por semana-- são maiores do que os salários pagos pelo Estado aos professores com nível superior.

Segundo o último concurso promovido pela Secretaria de Estado de Educação, o salário dos professores é de R$ 1.179 mensais por uma carga horária de 16 horas semanais e R$ 2.211,25 para a jornada de 30 horas semanais.

Os estagiários de nível superior da Alerj também recebem mais do que os estagiários da Câmara dos Deputados (R$ 1.576,00) e do Senado Federal (bolsa de R$ 830 e R$ 120 de auxílio-transporte). A bolsa-estágio da assembleia também é maior do que o salário de um soldado da Polícia Militar (R$ 2.518,09). Na comparação com o programa de residência médica regulamentado pelo Ministério da Saúde, os universitários da Alerj ganham apenas R$ 116 a menos.

"Nos últimos anos, o país teve uma política de recuperação do salário mínimo. O salário mínimo aumentou mais do que a inflação. Como o nosso estágio está, desde 2007, vinculado ao salário mínimo, automaticamente o aumento é acima da inflação", afirmou o presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB).

A Alerj justificou o aumento dado aos estagiários com o argumento de que não houve correção dos valores das bolsas nos últimos cinco anos. De acordo com uma regra criada pela própria assembleia, em 2007, as remunerações dos estagiários são atreladas ao valor do salário mínimo. O último reajuste ocorreu em 2010.

"Eu fiz porque era o meu dever de ofício. Era uma obrigação. Porque, senão, eu estava surrupiando parte do salário dos estagiários. Lamentavelmente, o último ato foi de minha autoria, em 2010. Ele teria que ter sido reajustado ano a ano. O que a Casa pode discutir é que, se três salários são muito, que se reduza para dois. Se dois salários são muito, que se reduza para um. Eu sou contra. Acho que o estagiário tem que ser bem remunerado", declarou Picciani.