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Oposição diz que crise continua mesmo se impeachment não for aprovado

Aécio diz que Dilma não tem mais condição de continuar governando o Brasil Imagem: Orlando Brito/Divulgação

Leandro Prazeres*

Do UOL, em Brasília

06/04/2016 06h00

Em meio à indefinição sobre o resultado da votação do impeachment que tramita contra a presidente Dilma Rousseff (PT) na Câmara dos Deputados, líderes de partidos de oposição começam a considerar uma eventual vitória do governo. Na terça-feira (5), os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Romero Jucá (PMDB-RR) disseram que, ainda que impeachment não seja aprovado na Câmara, Dilma não terá condições de continuar no poder. Para líderes petistas, a mudança no discurso da oposição é uma “admissão de derrota”.

Para que o impeachment seja aprovado, são necessários os votos de pelo menos 342 parlamentares, ou dois terços da Câmara. Para que a proposta seja derrotada, o governo precisa ter pelo menos 172 votos. Mas o governo pode “enterrar” o impeachment ainda que não consiga essa marca. Basta que o número de votos favoráveis ao impeachment seja inferior a 342.
 
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem passando a semana em Brasília em negociações com parlamentares e líderes partidários de diversos partidos. A estratégia é barrar o impeachment na Câmara e evitar que ele seja encaminhado ao Senado, que é a Casa que determina o afastamento temporário ou não da presidente.
 
Ao mesmo tempo em que Lula opera de maneira informal, o governo também vem conversando com líderes de partidos médios e pequenos como o PP, PR e PTN para recompor a nova base governista, desfalcada pelo PMDB, que, no dia 29 de março, anunciou sua saída da base governista.
 
"Só se terá solução nessa votação se tiver 342 pelo impeachment ou se tiver 342 contra o impeachment", diz Jucá Imagem: Reprodução/TV Senado
Com a obrigação de conseguir pelo menos 342 dos 513 votos da Câmara, a oposição passou a dizer que uma eventual vitória do governo não vai encerrar a crise política. Um dos primeiros a adotar esse discurso foi o novo presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR). Segundo ele, conseguir os 172 necessários para barrar o impeachment não será suficiente para “resolver” os problemas do país.
 
“E vou dizer aqui uma coisa: só se terá solução nessa votação se tiver 342 pelo impeachment ou se tiver 342 contra o impeachment. Alguém pensar que ao fazer qualquer estratégia para conseguir 180 votos, talvez 100 a favor e 80 escondidos que não venham votar, com isso se resolve no outro dia o problema do país, me desculpe, o problema estará agravado. O resto de credibilidade do país irá ao chão”, afirmou Jucá.
 
A crítica é uma referência clara à estratégia pressionar parlamentares a se ausentarem da votação em vez de votarem contra o impeachment, evitando assim o desgaste público. Essa estratégia estaria sendo posta em prática pelo governo, afirmam oposicionistas.
 
 
A presidente Dilma não tem mais qualquer condição de continuar governando o Brasil. E vou além: mesmo se ela obtiver os 171 votos, ou 180... como pode uma presidente da República que escancara o Palácio do Planalto e o transforma nesse mercado persa onde cada voto vale um quinhão de cargos?
Aécio Neves
 
Outra liderança da oposição que desqualificou uma possível vitória de Dilma na votação do impeachment foi o presidente nacional do PSDB e senador Aécio Neves (MG). Segundo ele, mesmo que a presidente obtenha os votos necessários para encerrar o processo de impeachment, ela não terá condições de governar.
 
“A presidente Dilma não tem mais qualquer condição de continuar governando o Brasil. E vou além: mesmo se ela obtiver os 171 votos, ou 180... como pode uma presidente da República que escancara o Palácio do Planalto e o transforma nesse mercado persa onde cada voto vale um quinhão de cargos?”, indagou o tucano.
 
“E se a presidente conseguir os 180 votos? Vai governar com isso? O Brasil consegue enfrentar esses dois anos e meio que nos separam de um novo governo com uma presidente com um terço da Câmara dos Deputados? Não. O Brasil precisa de muito mais do que isso”, complementou o parlamentar.

Para o líder do Democratas na Câmara dos Deputados, Pauderney Avelino (AM), não há sentimento de derrota entre os que defendem o impeachment. "Vamos vencer na comissão e tudo indica que teremos uma grande maioria no Plenário. Não há sentimento de derrota. Estamos confiantes", afirmou Pauderney.

O deputado concordou, no entanto, com Aécio é Jucá ao dizer que, independente do resultado, Dilma não teria mais condições de continuar no governo. "Você acha que se eles conseguirem 172 votos pra barrar o impeachment eles terão condições de governar o país? Eu acho que não. Eles já perderam a legitimidade pra governar há muito tempo", disse Pauderney.

 
Para lideranças petistas, a oposição acredita que não vai conseguir obter os 342 votos necessários ao impeachment. “Essa é uma admissão clara de derrota. Eles já se conscientizaram disso”, afirmou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP). O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse que o impeachment será derrotado. “Estamos seguros de que o país já derrotou a tese do golpe”, afirmou.
 
O relatório da comissão especial do impeachment deverá ser posto em votação no Plenário da Câmara no próximo dia 15. Se for aprovado por mais de 342 votos, o processo é encaminhado ao Senado, onde ele deverá ser votado novamente. A presidente Dilma só será afastada se o processo também for aprovado no Senado por maioria simples, ou seja, 41 votos.
 
* Com Felipe Amorim, de Brasília
 

GOVERNO E OPOSIÇÃO DISPUTAM VOTOS EM VALE-TUDO POLÍTICO

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