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"O que ele precisar de nós, terá", diz Roberto Jefferson sobre Michel Temer

Roberto Jefferson na chegada à reunião que oficializou sua volta à presidência do PTB - Ricardo Marchesan/UOL
Roberto Jefferson na chegada à reunião que oficializou sua volta à presidência do PTB Imagem: Ricardo Marchesan/UOL

Ricardo Marchesan

Do UOL, em Brasília

14/04/2016 13h44

Em reunião na manhã desta quinta-feira (14), em Brasília, o PTB oficializou o retorno do ex-deputado Roberto Jefferson, que foi delator do esquema do mensalão, à presidência do partido.

Jefferson dá como certa a aprovação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, na votação do próximo domingo (17), e afirmou que seu partido apoia um eventual governo do vice-presidente Michel Temer. "O que ele [Temer] precisar de nós, terá", disse.

O agora presidente da sigla afirmou, porém, que ainda não iniciou conversas com Temer e que ainda não está em discussão quais cargos o partido poderia ocupar. "Nós não queremos levar a conversa para o rés do chão agora. Esse voo de galináceo, eu não quero fazer", disse. "Carguinho, estou fora disso."

Na véspera, o PTB anunciou que vai orientar o voto de seus deputados pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff no domingo. Apenas 4 dos 19 deputados da bancada foram contra o impedimento.

Jefferson disse que era contra o partido fechar a posição, porque isso constrangeria os deputados que são contra o impeachment, mas que foi "voto vencido".

Apoio a Collor

O ex-deputado falou que ficou ao lado do ex-presidente Fernando Collor de Mello até o seu impeachment e disse que os dois processos são parecidos. "A semelhança é total: corrupção." 

Ainda assim, defendeu sua posição. "O Collor, perto do Lula, é menino de procissão. Ele tinha um tesoureiro, o PC Farias, que foi preso e depois morreu. Eu já perdi a conta de quantos tesoureiros tem o PT e de quantos foram para a cadeia, amigo. Não dá para comparar."

Volta à presidência

Desde dezembro de 2014, a deputada Cristiane Brasil, filha de Jefferson, ocupava a presidência do PTB. Seu mandato iria até 2018, mas ela abriu mão do tempo que lhe restava. 

"Ele (Jefferson) que começou a colocar as mentiras para fora, ele que tem que fechar esse caixão", disse Cristiane Brasil, se referindo ao governo do PT.

Partido comemora retorno de Jefferson

Jovair Arantes (PTB-GO), que foi relator da comissão do impeachment e deu parecer a favor do impedimento, disse que a volta de Jefferson é o "retorno de um guerreiro".

O deputado Arnon Bezerra (PTB-CE) elogiou a volta de Jefferson, ainda que ele nunca tenha se afastado totalmente. "Benito Gama e Cristiane Brasil [presidentes anteriores] não deixaram de ter uma orientação, uma experiência do Roberto Jefferson. E agora, com a chegada dele, o partido cada vez mais se firma."

Bezerra é um dos deputados do partido que se diz contra o impeachment, segundo ele, por "questões regionais".

Pixuleco presente

Muito aplaudido e exaltado pelos que estavam na reunião, Jefferson foi chamado diversas vezes de "guerreiro" e "nervos de aço", uma referência à música de Lupicínio Rodrigues.

O encontro também foi marcado por diversas falas e manifestações contra o governo, incluindo a presença de uma pessoa vestida como o personagem que ficou conhecido como "Pixuleco".

Mensalão e problemas de saúde

Roberto Jefferson foi delator do esquema do mensalão. Em fevereiro de 2014, ele foi preso, condenado a sete anos e 14 dias de prisão. Em maio de 2015, passou para o regime aberto e, no último dia 22, recebeu o perdão da pena pelo Supremo Tribunal Federal.

Jovair Arantes disse que os problemas de Jefferson com a Justiça são coisa do passado. "Tivemos e teve um problema, pagou e pagou bem à sociedade a dívida que ele tinha. E agora retorna absolutamente tranquilo, livre de todos os problemas anteriores."

Jefferson tem histórico de problemas de saúde. Em 2012, descobriu um tumor maligno no pâncreas e teve o órgão retirado, além de parte do estômago, duodeno e parte do canal biliar. Ele ainda tem hipertensão e diabetes e já se submeteu a uma cirurgia de redução de estômago, indicada por conta da obesidade mórbida.

O ex-deputado, que já controlava a alimentação desde cirurgia de redução do estômago, segue dieta rigorosa, consequência da operação para retirar um câncer no pâncreas. Toma 23 comprimidos por dia. Conta que, na prisão, teve oito infecções. Na política, diz que passou o bastão a Cristiane. "Não tenho mais nenhum sonho de voltar ao parlamento."