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Pouca conversa e cordialidade. Como foi o 1º 'encontro' entre Lula e Moro

Lula fala sobre relação de Cunha com campo de petróleo na África

UOL Notícias

Bernardo Barbosa, Fabiana Maranhão e Rafael Moro

Do UOL, em São Bernardo do Campo, São Paulo e Curitiba

30/11/2016 23h12Atualizada em 30/11/2016 23h12

Pela primeira vez, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas ações da Operação Lava Jato na primeira instância, estiveram "frente a frente", nesta quarta-feira (30). E qualquer expectativa de embate se derreteu no pouco tempo de conversa e na cordialidade apresentada.

Moro comandou uma audiência, realizada em Curitiba, que contou com a participação de Lula. Foi por meio de videoconferência que o ex-presidente, que estava no prédio da Justiça Federal em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, pode responder aos questionamentos feitos a ele.

Lula chegou ao local cerca de 30 minutos antes do horário marcado para a audiência. Sua chegada foi tranquila e acompanhada por cerca de 20 militantes do PT. Eles ficaram em frente ao edifício até a saída do ex-presidente, quando entoaram gritos de 'Fora, Temer'.

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O "encontro" entre Moro e Lula foi rápido; durou menos de dez minutos. Durante esse tempo, Moro não fez nenhuma pergunta ao ex-presidente. Ele se limitou a informar a Lula, assim que começou a sessão, que "na condição de testemunha, tem o compromisso com a Justiça em dizer a verdade e responder as questões que lhe forem feitas".

Acompanhado de dois advogados, Lula disse que tinha sido comunicado por sua defesa que não precisaria responder, mas afirmou: "faço questão de responder. O maior interessado na verdade sou eu".

"A Justiça agradece", retrucou Moro, que oscilou entre se dirigir a Lula como "senhor ex-presidente" e como "vossa excelência". O juiz federal lembrou a ele que, como determina o Código Penal, não falar a verdade pode implicar em processo criminal. 

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Logo depois, Moro esclareceu que, como Lula responde a uma ação penal proposta pelo MPF (Ministério Público Federal), ele teria o direito de ficar em silêncio no caso de ser perguntado sobre algo que pudesse prejudicá-lo.

A "conversa" entre Moro e Lula transcorreu por cerca de um minuto e meio. Em seguida, o magistrado passou a palavra para a defesa do ex-deputado Eduardo Cunha e para o MPF, que fizeram algumas perguntas ao ex-presidente.

Eduardo Cunha

Lula foi arrolado como testemunha de defesa pelos advogados de Cunha. Ele está preso desde 19 de outubro em Curitiba, por decisão de Moro, dentro da ação na qual o ex-deputado é acusado de receber propina de contrato de exploração de petróleo em Benim, na África, e de usar contas na Suíça para lavar o dinheiro.

Perguntado durante a audiência, Lula negou ter conhecimento sobre a participação de Cunha nos negócios para a compra do campo de petróleo em Benim.