Mariz diz ser difícil acreditar que Janot e Miller não agiram em conluio contra Temer
O advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira afirmou ao SBT nesta terça-feira (3) ser difícil acreditar que o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e seu ex-braço-direito, o ex-procurador Marcelo Miller, não agiram em conluio para prejudicar o presidente Michel Temer (PMDB).
“É muito difícil você provar isso de forma absoluta, mas é muito difícil você acreditar que o Miller e o Janot não estivessem conluiados para preparar todo esse cenário favorável a uma delação que prejudicasse o presidente da República”, disse.
Mariz se referiu à delação do empresário Joesley Batista, dono do frigorífico JBS, que implicou o presidente, mas que depois acabou suspensa pelo próprio Janot. Apesar disso, as provas geradas foram consideradas válidas pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Temer foi denunciado no mês passado por Janot sob acusação de obstrução de Justiça e organização criminosa. Mariz deixou a defesa de Temer porque a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) teve como base a delação feita pelo operador Lúcio Funaro, que já foi seu cliente.
Em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar exibida no telejornal SBT Notícias, Mariz afirmou ainda que a delação premiada não pode ser encarada como “a rainha das provas” e que ela “é tão nociva quanto à confissão de um torturado”, com a diferença de que o torturado fala mais rápido, enquanto o preso demora um pouco mais.
“A delação não é prova. A delação é meio de prova. Aliás, a própria lei brasileira fala isso. O que está ocorrendo hoje é que o delator, especialmente aquele que está preso, fala o que ele pensa que se quer ouvir, ou ele fala aquilo que mandam ele falar. E ele acusa terceiros, ele compromete situações, compromete pessoas. E, infelizmente, está se aceitando delação sem se verificar a sua veracidade. Esse é o grande pecado da delação”, afirmou.
Na entrevista, o advogado defendeu uma nova lei da delação e nova regulamentação para adaptá-la ao sistema jurídico brasileiro e afirmou que o STF precisa voltar a ser o “guardião da Constituição”, ao se referir sobre a determinação do afastamento do senador Aécio Neves (PSDB) das atividades no Congresso Nacional.
Assista à entrevista no vídeo acima.
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