"Não duvido", diz Cunha sobre suposta propina para Moreira Franco
Felipe Amorim
Do UOL, em Brasília*
06/11/2017 10h20Atualizada em 06/11/2017 18h23
Em depoimento à Justiça Federal, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou nesta segunda-feira (6) não duvidar da possibilidade de que o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) tenha recebido propina do suposto esquema de corrupção na Caixa Econômica.
Cunha, no entanto, não apontou conhecimento de qualquer irregularidade praticada por Moreira, e disse fazer a afirmação apenas com base no conhecimento que ele tem do colega de partido.
"Se Moreira Franco recebeu, e se tratando de Moreira Franco até não duvido, mas não foi por minhas mãos", disse.
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O ex-deputado fez a afirmação ao depor como réu na ação que responde por suspeita de participar do esquema de propina para liberar recursos do FI-FGTS, fundo de investimento administrado pelo banco estatal.
Cunha tentava rebater a acusação do delator Lúcio Funaro, apontado como operador do PMDB. Uma das acusações feitas por Funaro foi de que o grupo Bertin teria pago propina a políticos do PMDB, entre eles Cunha e o presidente Michel Temer, por meio de doações eleitorais.
Cunha disse que a pedido de Funaro marcou uma reunião com Moreira Franco, em 2010, quando o este era vice presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa. Mas o ex-deputado disse não ter participado do encontro e não ter conhecimento sobre o que foi tratado.
Funaro alega que nesse encontro foi acertada propina do grupo Bertin para políticos do PT e do PMDB.
Cunha diz que recebeu doações oficiais do grupo, mas que o valor não tem relação com irregularidades.
O ex-deputado também afirmou que Funaro nunca teve proximidade com o presidente Michel Temer.
"Lúcio Funaro nunca teve acesso a Michel Temer", disse.
Eduardo Cunha negou ter indicado Fábio Cleto para a vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias da Caixa. "Eu só vim conhecer [Fábio Cleto] depois da nomeação dele", disse. O ex-deputado também afirmou que a responsabilidade pela nomeação de Cleto para representar o banco no comitê gestor do FI-FGTS foi do então presidente da Caixa, Jorge Hereda. Segundo Cunha, o PMDB não fez nenhum pedido para que Cleto ocupasse o cargo.
Em nota, o ministro afirmou que "é notória [sic] as divergências políticas entre eu e o ex-deputado, portanto, não me surpreende qualquer juízo de valor". (*Colaborou Luciana Amaral)