Ex-assessor do Rio que chorou em depoimento diz que virou "leproso" após processo
Paula Bianchi
Do UOL, no Rio
12/12/2017 15h47
O ex-assessor da Secretaria de Obras do Rio de Janeiro Wagner Jordão Garcia se lamentou nesta terça-feira (12) durante depoimento ao juiz Marcelo Bretas. O choro, curiosamente, ocorreu quando o depoente falava sobre ter deixado a prisão para responder em liberdade a um processo da Operação Calicute, um dos desdobramentos da Lava Jato no Estado.
“Me arrependo dos olhares das pessoas. Está tudo muito difícil, me tornei um leproso”, disse o réu, que chegou a ser consolado por Bretas. “É difícil”, concordou o juiz.
Ele foi preso preventivamente em novembro de 2016, junto com o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), o ex-secretário de Obras do Estado Hudson Braga e outros envolvidos na operação Calicute. No fim do último mês de setembro, porém, Bretas autorizou que Garcia passasse a responder ao processo em liberdade.
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O ex-assessor é apontado pelo Ministério Público Federal como o responsável por recolher a chamada "taxa de oxigênio", propina de 1% cobrada por Braga, de acordo com a acusação.
Wagner Jordão Garcia já havia se emocionado em outro depoimento, em maio deste ano, quando confessou ter recolhido propina a pedido de Hudson Bragas. Na ocasião, chorou, pediu “perdão ao povo do Rio” e solicitou prisão domiciliar. "Acordo todo dia com quatro baratas. Quero pedir perdão ao povo do Rio. Sei que eu errei. Mas isso está me torturando", disse Garcia à época, em prantos.
Em depoimento nesta terça ele reafirmou ter recolhido envelopes lacrados a pedido de Braga, que dizia ser projetos, e que só tomou conhecimento da propina em junho de 2011, quando recebeu por e-mail uma espécie de prestação de contas da empreiteira Oriente de pagamento da "taxa de oxigênio".