Prisões de amigos de Temer devem acirrar clima entre Planalto e STF
As prisões de amigos do presidente Michel Temer (MDB) nesta quinta-feira (29) deverão acirrar ainda mais o clima entre o Planalto e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso.
Aliados próximos a Temer ouvidos pelo UOL afirmaram que o governo deverá empreender uma "guerra ao Supremo", que inclui um pedido de impeachment contra o ministro da Corte.
Barroso se transformou no alvo preferencial do Planalto por ser o relator do inquérito que investiga as suspeitas de que Temer beneficiou o grupo Rodrimar, que opera no Porto de Santos (SP), por meio da MP (Medida Provisória) dos Portos.
Foi ele quem autorizou as prisões do ex-assessor e amigo pessoal de Temer José Yunes, e do coronel aposentado da PM João Batista Lima durante a deflagração da Operação Skala.
Uma fonte ligada a Temer disse que o grupo de ministros e parlamentares mais próximos ao presidente deverá se reunir nas próximas horas para discutir a estratégia que será adotada pelo Planalto.
Os aliados também admitiram que as prisões desta quinta-feira deixaram o governo constrangido por conta da proximidade dos presos com o presidente.
Um deles afirmou ainda que o pedido de impeachment contra Barroso, ventilado pelo ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, Carlos Marun, continua no "cardápio" de opções da equipe de Temer.
A ideia é que o pedido só seja efetivamente protocolado no Senado depois que o STF se posicionar sobre o habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deverá ser julgado no dia 4 de abril.
Isso porque o Planalto não quer que o pedido de impeachment contra Barroso seja interpretado como uma manobra para beneficiar o ex-presidente Lula.
A Presidência ainda não se manifestou publicamente sobre as prisões e nem sobre a intenção de Marun de apresentar contra Barroso.
A reportagem apurou, no entanto, que Temer tem permitido que o articulador político do governo ameace Barroso de impeachment para medir reações e "ver até onde vai".
Entenda a crise entre o Planalto e Barroso
As críticas à atuação de Barroso na condução do inquérito que investiga Temer cresceram depois que ele autorizou a quebra dos sigilos bancários do presidente.
Na ocasião, o ministro Carlos Marun disse que iria se licenciar do cargo e voltar à Câmara dos Deputados (ele é deputado federal pelo MDB de Mato Grosso do Sul) para protocolar um pedido de impeachment contra Barroso.
Segundo Marun, Barroso vem agindo de forma "parcial" em relação ao caso.
Outra fonte de divergência entre o Planalto e Barroso foi a decisão do ministro de alterar regras do indulto natalino decretado por Temer no final de 2017. O indulto de Temer foi criticado por, em tese, poder beneficiar presos condenados por crimes de corrupção.
Em março deste ano, Barroso determinou que ficassem de fora do indulto os condenados por crimes do colarinho branco, contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro, entre outros.
O governo informou que recorreria da decisão do ministro.
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