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De "espontânea" a "pauta de Maduro": como Bolsonaro avalia atos do dia 26

21.mai.2019 - Página no Facebook do grupo Ativistas Independentes convoca para protesto no dia 26 de maio - Reprodução/Facebook Ativistas Independentes
21.mai.2019 - Página no Facebook do grupo Ativistas Independentes convoca para protesto no dia 26 de maio Imagem: Reprodução/Facebook Ativistas Independentes

Marcela Leite

Do UOL, em São Paulo

24/05/2019 04h01

No início, Jair Bolsonaro (PSL) demonstrou interesse em participar, mas logo recuou e orientou ministros a não comparecem às manifestações convocadas pela direita para o domingo (26) em apoio a seu governo.

O degradê de qualificações utilizadas por Bolsonaro para os protestos foi se compondo com o passar da semana: foram de "espontâneo" a "mais para Maduro", em referência ao ditador da Venezuela.

Os protestos são definidos por alguns apoiadores do capitão como uma resposta à esquerda - setor que, para Bolsonaro, manipulou estudantes que foram às ruas em 15 de maio contra o corte de recursos da educação.

Mas além de demonstrar apoio a Bolsonaro, entre os organizadores há pautas como fechamento do Congresso e do STF (Supremo Tribunal Federal) - medidas que atentam contra a democracia e levaram o presidente a querer se distanciar dos eventos. Relembre:

Dia 17: Brasil "ingovernável"

Dias depois das manifestações que levaram milhares às ruas e em meio a dificuldades com o Congresso, Bolsonaro compartilhou no WhatsApp um texto que classificava o Brasil como "ingovernável fora de conchavos".

Apesar de não mencionar os protestos, a atitude foi vista como um aceno a seus apoiadores.

Posteriormente, o presidente declarou que "apenas" repassou o texto a "meia dúzia de pessoas".

Bolsonaro explica texto compartilhado

redetv

Dia 20: presidente cogita participar

Segundo relatos de interlocutores do presidente, Bolsonaro considerava participar das manifestações, mas ainda não havia chegado a uma decisão.

De acordo com o blog Painel, ele desejava usar os atos para medir forças e levar mais gente às ruas do que os atos de 15 de maio.

Dia 21: 'movimento livre e espontâneo'

"O presidente gostaria de declarar que as manifestações têm sempre caráter livre e espontâneo, especialmente essa que estamos tratando, que deve ser pacífica, não sendo contra grupos ou instituições."
General Rêgo Barros, porta-voz da Presidência.

As manifestações geram atrito entre aliados do presidente, que veem risco de ele colar sua imagem a atos antidemocráticos.

Nesse contexto, Bolsonaro diz pelo seu porta-voz que os atos são "espontâneos", mas que decidiu não ir.

O presidente também orientou ministros a não participarem das manifestações, segundo reportagem da agência Reuters.

Dia 22: 'pauta não tem nada de anormal'

Após cerimônia na embaixada de Israel, Bolsonaro voltou a defender a legitimidade dos atos do domingo.

"É um movimento espontâneo, eu respeito a soberania popular. Eles têm uma pauta definida e essa pauta não tem nada de anormal, é um direito da população de se manifestar"
Bolsonaro, na quarta-feira

Perguntado sobre a orientação dada a ministros de não ir às manifestações, o presidente se limitou a dizer que "todo mundo é maior de idade e sabe o que faz".

O seu partido, PSL, autorizou os membros a participarem do ato.

Partido de Bolsonaro autoriza membros a irem ao ato

UOL Notícias

Dia 23: 'pauta mais para Maduro'

Em um café da manhã com jornalistas ontem, Bolsonaro passou a criticar algumas pautas que devem ser defendidas nas ruas no domingo.

"Quem defende o fechamento do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional está na manifestação errada".
Bolsonaro, na quinta-feira.

Segundo a Band News, ele também se mostrou contrário a pedidos de fechamento do Congresso e disse que "essas pautas estão mais para Maduro".

Veja também: Bolsonaro mantém estilo de 'campanha'

UOL Notícias

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.