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Temer diz que não conspirou contra Dilma e falou para ela dormir tranquila

Ueslei Marcelino/Reuters
Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Do UOL, em São Paulo

26/08/2019 10h30

O ex-presidente da República Michel Temer disse, em entrevista para o jornal "Valor Econômico", que não conspirou contra Dilma Rousseff ao longo do processo de impeachment, quando ocupava o cargo de vice.

Temer contou que chegou a conversar com a então presidente sobre o tema, dizendo que ela poderia "dormir tranquila" que ele trabalharia para que os pedidos de impeachment fossem arquivados. Porém, em sua avaliação, "eventos de natureza política" tornaram a deflagração inevitável.

"Conspiração alguma. Em uma certa ocasião eu até conversei com a ex-presidente, que pode testemunhar isso, dizendo que os pedidos de impedimento, e eu trabalhei nisso, seriam todos arquivados. Comuniquei isso a ela numa tarde no Palácio da Alvorada. Até disse: a senhora pode dormir tranquila. Depois, por eventos de natureza política, não foi possível evitar a deflagração do impedimento. Sempre trabalhei para evitar", disse na entrevista.

Apoiadores de Dilma tratam o processo de impeachment como um golpe, sendo que Temer também foi criticado por supostamente ter atuado contra a presidente. O ex-presidente, no entanto, disse que, se pudesse, teria evitado um ato que considera "traumático".

"Eu até torci, quando começou o impeachment da senhora ex-presidente, para que não acontecesse nada. Sempre achei que o impedimento, embora previsto na Constituição, é traumático. Impeachment não é julgamento jurídico. No julgamento político o juiz não tem que se pautar por provas. É juízo político, de conveniência, não jurisdicional. A regração constitucional foi obedecida. Se você me disser: mas você se sentiu confortável? Aprendi muito cedo que você tem que exercer adequadamente o papel que a vida te entrega. Confesso que se pudesse ter evitado, eu evitaria", disse.

Por isso, Temer voltou a defender uma de suas propostas: o semipresidencialismo. "O impeachment é sempre traumático. Opto hoje pelo semipresidencialismo para evitar o impeachment. Aí tem voto de desconfiança, é mais tranquilo ao país. Poderia ter sido evitado (o impeachment) pelo antigo governo. Mas não foi", disse.