"Caixinha miserê" é criada após procurador criticar salário de R$ 24 mil
Carlos Eduardo Cherem
Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte
10/09/2019 19h40
O advogado Mariel Marley Marra, 39, colocou a "caixinha do miserê" na manhã de hoje (terça-feira, 10), nos jardins em frente à Igreja São Francisco de Assis (Igrejinha da Pampulha), na Pampulha, cartão postal de Belo Horizonte.
A caixa de papelão estampa num cartaz branco a frase "ajude o procurador do MPMG sair do miserê", em alusão à fala do procurador do MP (Ministério Público) de Minas Gerais Leonardo Azeredo dos Santos, que em reunião gravada em áudio na sede do órgão, na capital mineira, reclamou do salário mensal de R$ 24 mil, chamando a quantia de "miserê". (ouça o áudio abaixo)
Marra disse que ainda hoje vai colocar uma segunda caixa, em frente à sede do MP estadual, no Santo Agostinho, zona sul da capital mineira. "Coloquei a primeira caixa num ponto turístico (a Pampulha), para chamar a atenção. Hoje ainda, vou colocar a outra "caixinha do miserê" em frente à sede do MPMG", disse o advogado.
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"É claro que ninguém vai fazer doações. É uma brincadeira, um protesto bem-humorado. Mas a crítica é séria", afirmou. "O que esse procurador (Leonardo Azeredo dos Santos) fez foi ofender boa parte da população brasileira. Ele chamar de 'miserê' um salário 24 vezes maior do que o salário do trabalhador brasileiro é uma ofensa moral", disse Marra.
O MPMG informou que não comentaria a iniciativa do advogado.
Protesto gerou polêmica
A reclamação feita por Azeredo aconteceu em reunião extraordinária da Câmara de Procuradores, na sede do órgão em Belo Horizonte, no mês passado, para debater o orçamento do MP (Ministério Público) mineiro para o próximo ano. O fato porém só ganhou repercussão nacional durante o dia de ontem (9).
Entre suas falas, o procurador disse que "Não é acostumado com tanta limitação" e indagou "como vai viver com R$ 24 mil reais de salário", cobrando alguma atitude do procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Antônio Sérgio Tonet, para o caso.
A reportagem do UOL não conseguiu o contato do procurador Leonardo Azeredo dos Santos. Por meio de nota enviada ao UOL na manhã de hoje (10), a assessoria de imprensa do MP mineiro classificou a fala do procurador como uma "manifestação de cunho pessoal (...) sobre a política remuneratória da instituição".