Quem são os ministros de Bolsonaro que mentiram ou erraram no currículo
Novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli da Silva é alvo de acusações que envolvem sua vida acadêmica. Foram levantadas suspeitas sobre um doutorado que ele declarou ter realizado na Argentina —título que acabou desmentido pelo próprio reitor da instituição— e sobre uma possível prática de plágio na dissertação de mestrado apresentada por ele à FGV (Fundação Getulio Vargas).
Esta não é primeira vez, no entanto, que um ministro do governo Jair Bolsonaro (sem partido) tem erros ou inconsistências apontadas em seu currículo. Relembre:
Damares Alves
Em discursos e palestras realizados antes de ser nomeada ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves se apresentou como "uma advogada", "mestre em educação" e "em direito constitucional e direito da família".
Questionada sobre sua formação, no entanto, a ministra assumiu que nunca obteve os títulos acadêmicos. À Folha de S. Paulo, ela afirmou, em janeiro de 2019, que os títulos teriam relação com o ensino bíblico.
"Diferentemente do mestre secular, que precisa ir a uma universidade para fazer mestrado, nas igrejas cristãs é chamado mestre todo aquele que é dedicado ao ensino bíblico", disse Damares.
Ricardo Salles
Em fevereiro de 2019, o site The Intercept Brasil revelou que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, nunca estudou na Universidade Yale, nos Estados Unidos, e não obteve o título de mestre em direito público pela instituição americana.
A suposta formação de Salles em Yale havia sido veiculada, à época, pelo programa Roda Viva, da TV Cultura. A produção do programa declarou que a "imprecisão" não partiu de Salles e que as informações foram obtidas de um perfil do ministro publicado no site Nexo.
O Nexo, por sua vez, informou ter usado um currículo de Salles publicado pela Folha. Trata-se de um artigo publicado por ele em 2012, na seção Tendências/Debates, que trazia em sua biografia o mestrado na universidade americana. Salles, então, atribuiu o equívoco à sua assessoria de imprensa.
Ricardo Vélez Rodríguez
O currículo do ex-ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, continha ao menos 22 erros na época em que ele ainda comandava a pasta, em março de 2019. O levantamento foi realizado pelo site Nexo.
Os equívocos diziam respeito à produção bibliográfica listada no currículo lattes do ex-ministro. Entre os erros, apareciam livros atribuídos a Vélez, mas que não eram de sua autoria, obras listadas fora do formato padrão, e artigos publicados em periódicos que não são científicos.
Abraham Weintraub
Sucessor de Vélez no MEC (Ministério da Educação), Abraham Weintraub também teve problemas apontados em seu currículo.
Ao anunciar o nome do economista para comandar a pasta, Bolsonaro informou que Weintraub era doutor, mas o ex-ministro nunca obteve este título. A informação, no entanto, não constava do currículo lattes de Weintraub e nem de seu Linkedin.
Após contestações, Bolsonaro usou as redes sociais para corrigir a publicação anterior.
Dias depois, a Folha de S. Paulo revelou que Weintraub publicou o mesmo artigo em duas revistas, prática classificada como autoplágio no meio acadêmico. A atitude é considerada um desvio de conduta por "inflar" a produção de um pesquisador.
Carlos Alberto Decotelli da Silva
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Decotelli é o terceiro ministro da Educação do governo Bolsonaro a apresentar inconsistências em seu currículo.
A primeira delas diz respeito a um doutorado na Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, título que acabou questionado pelo próprio reitor da instituição, Franco Bartolacci. Segundo ele, Decotelli teve a tese de doutorado reprovada.
O MEC apresentou um certificado de cumprimento da carga horária do curso, mas o documento não comprova a defesa e a aprovação da tese. Posteriormente, o currículo de Decotteli na plataforma Lattes foi editado.
A falta da tese de doutorado também levanta suspeitas sobre a legitimidade de um pós-doutorado que o ministro diz ter realizado na Alemanha.
Ainda foram encontrados indícios de que o novo ministro copiou trechos de outros trabalhos acadêmicos em sua dissertação de mestrado, sem dar a devida citação aos autores originais — incorrendo, portanto, em plágio.
O ministro nega ter cometido plágios e afirma que, se houve omissões, trata-se de "falhas técnicas". Já a FGV, instituição onde foi realizado o mestrado, informou que irá apurar as denúncias.
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