Messer diz que foi avisado de operações, e MP abre investigação
Vinicius Konchinski
Colaboração para o UOL, em Curitiba
05/09/2020 04h04
O MPF-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) abriu uma investigação para apurar a afirmação do doleiro Dario Messer em sua delação premiada de que ele foi avisado sobre operações policiais.
Nos documentos da delação aos quais o UOL teve acesso, Messer admite que soube com antecedência de uma operação para prender ele e outros doleiros em 2018. Disse, inclusive, ter avisado pessoalmente operadores de câmbio do Rio sobre a iminente ação.
O documento sobre o depoimento do doleiro, contudo, não aponta nomes ou revela maiores detalhes da suposta rede de informantes. Procurada pelo UOL, a defesa de Messer não quis se manifestar.
Messer também afirmou que seu ex-sócio Najun Turner teria "amigos na PF" de São Paulo. De lá, teria partido o alerta sobre a operação de 2018 e "várias" outras deflagradas contra doleiros — Messer não especificou quais.
A PF informou que "qualquer notícia de desvio funcional que possa surgir é investigada pela instituição". Ressaltou também que não comenta eventuais investigações em andamento.
Procurada pelo UOL, a defesa de Turner não quis se manifestar.
A força-tarefa da Lava Jato no MPF-RJ (Ministério Público Federal do Rio de Janeiro) confirmou que há investigações em curso sobre os tais vazamentos. "Pelo bem das próprias investigações, não podemos comentar", declarou.
As fugas de Messer
A operação realizada em 2018 para prisão de Messer e outros doleiros foi a Câmbio, Desligo. A ação foi a etapa da operação Lava Jato com o maior números de mandados de prisão emitidos: 43.
Messer disse em delação que soube da operação e, por isso, fugiu para o Paraguai. Ele foi um dos 12 doleiros que não foram localizados pela PF.
A Câmbio, Desligo não foi a única operação policial da qual Messer escapou. Em 2009, foi deflagrada a operação Sexta-Feira 13, na qual ele também teve sua prisão decretada.
Messer não foi localizado por policiais naquela ocasião. Quem mantinha contato com o doleiro afirmou que, na época, ele refugiou-se em Israel pois também soube da ação contra ele. Só voltou ao Brasil quando conseguiu um habeas corpus na Justiça.